Futuros possíveis

Texto publicado por Ivana Bentes, logo após sua participação no Painel Memórias Futuras @ Festival Multiplicidade 2025:

“Futuros possíveis. Parque Lage é um lugar mágico e neste sábado chuvoso e nublado estava ainda mais misterioso e vibrante lotado de pessoas inquietas. Participei do Painel Memórias Futuras uma roda incrivel de antevisões dos futuros a convite da Paola Barreto e do Bat Zavareze. O futuro é uma ideia “antiga” e quase sempre é datado, pois nunca estaremos nele, porque é sempre uma construção do presente urgente. Com essa provocação sobre futuros possiveis a roda de conversa passou por temas e experiências surpreendentes. O que há de futuros em curso no presente? Como hoje o ancestrofuturismo e as cosmovisões indigenas e ancentralidades são inspiradoras de futuros. Como a América Latina continua como um lab de mundos. As “vitalidades catastróficas” (termo do Fausto Fawcett) nos ajudam a pensar os futuros, as possibilidades de ressureição, os instantes e presentes eternos, as temporalidades inventadas pelos povos para fugir da ditadura do presente e as ideias e projeções de futuros usados para nos imobilizar (em nome do futuro se tem hoje discursos conservadores, de preservação do status quo). Outros futuros mais provocadores como os da ficções especulativas de Donna Haraway e os exterminadores de futuros que moldam e reduzem as cidades a seu fim mercadológico, privatizando, monitorando, expulsando os pobres e os cosmopolitanos das ruas e do espaço público. A conversa teve performance, leitura, falas inspiradoras e bem que merecia um registro para os futuros. Neste domingo é o último dia do ‪#‎FestivalMultiplicidade e da exposição ‘Quarta-Feira de Cinzas”, curadoria da Luisa Duarte no lindo Parque Lage.”

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Multi_Ocupação | O futuro é hoje

Como seria o mundo, mais precisamente a arte, se estivéssemos em 2025? A pergunta norteou o último dia do festival, encerrado no Parque Lage, domingo (8), e a reposta dos artistas e do público foi em uníssono: o futuro é hoje!

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A tarde começou com a apresentação da paulista Giu Nunez, no bosque do Parque Lage. Sob uma instalação em meio à natureza, o público pode desconectar-se do mundo exterior. “Esse misto de linguagens, graças à tecnologia, veio contribuir para a arte. Mas é bom também se desligar um pouco dessas inúmeras informações que circulam ao mesmo tempo e focar em um só caminho”, sugeriu Giu. Em seguida, o DJ Pedro Pagy assumiu as carrapetas e continuou o trabalho já iniciado pela discotecária. Com o ‘Triboelétrica’, ele apresentou aos visitantes um set que misturou tempo e vazio, abismos e brilhos, sufocamento, luz e sombras.

No Salão Nobre do casarão, o ‘EstúdioFitaCrepe’, representado pelo artista Ricardo Garcia, apresentou seu trabalho que envolve música instrumental, eletroacústica, noise, soundscape e instalação sonora. Em Eletro_Radiobras, Ricardo, que faz dupla com André Thitcho, mostrou o projeto de música eletrônica. “O futuro da arte é viver o presente. A tecnologia veio para ajudar, mas o importante é o que acontece agora”, disse André. Em seguida, o músico autodidata Felipe Vilasanchez mostrou ‘Oriente’. No painel ‘Cinema Transversal’, a ‘Alumbramento Filmes’ exibiu ‘Medo do Escuro’. O salão ficou lotado!

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O artista multifacetado Gui Marmota repetiu sua performance e reuniu, nas escadarias do casarão, não só adultos, mas também crianças. Como no dia anterior, elas foram a grande atração do domingo. Munido do seu latão de lixo-bateria cheio de canos, Marmota reproduziu alguns sons curiosos e arrancou passinhos e sorrisos dos pequenos.

Já no Platô, o francês Aleqs Notal abriu a noite com o seu set de housemusic, que leva influências de gêneros como disco, funk, jazz e o soul. Logo após, a ‘Meia Banda’ assumiu o palco. O grupo é um projeto do baixista, guitarrista e compositor Bruno Di Lullo junto com os músicos Estevão Casé e Eduardo Manso. O grand finale ficou a cargo da ‘Camerata Monoaural’.

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Em sua 11ª edição, rumo a 2025, o Multiplicidade não perde o fôlego; pulsa, sugere encontros inusitados, proporciona lugar para novas ideias fluírem; é um marco na programação cultural da cidade. A intenção, segundo Batman Zavareze, idealizador do festival, foi “provocar a antevisão na vida da arte e na arte da vida”.