Desde a temporada passada continuamos no imaginário ano futurístico de 2025.
2016 é mais um ano propício para dar continuidade ao exercício da ANTEVISÃO e reforçar que o futuro é logo ali.
500 anos se passaram e revendo a fantasiosa obra escritapor Thomas More de 1516, UTOPIA, perguntamos onde estamos diante de tantos embates?
Se você esta compreendendo o que está acontecendo, não seria um absurdo dizer que você está confuso.
“Alguma coisa Está fora da ordem Fora da nova ordem mundial (4x)”***
Tem sido desafiador pensar, propor, produzir e realizar conteúdos artísticos em tempos tão áridos.Mesmo imerso em momento de antiutopia temos que acreditar na potência das experiências artísticas totais nos trópicos.
Nunca foi tão importante ressignificar nossos acertos a partir de nossos erros, e a arte pode ser esta fonte rejuvenescedora.
É importante estar em movimento constante.
O momento político-cultural não permite inércia alguma, sobretudo mental.
A nova regra é olhar com afeto para a exceção, a intuição, o improviso e o aleatório. A arte só existe entre nós quando ela transcende a realidade para se expressar e atingir outras dimensões.
Com o patrocínio da Oi através da Lei Rouanet e da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, este ano estamos participando do calendário Cultural Olímpico com um formato novo, uma exposição.
Estaremos ocupando plenamente o Oi Futuro Flamengo, nossa casa, ou melhor, nosso ventre, durante 2 meses. Apresentaremos nossas inquietações poéticas, investigações tecnológicas e as linguagens híbridas que perseguimos sob a temática do ERRO. Os artistas que partem de uma dificuldade, de situações inesperadas, que encaram o risco e o limite extreme para investigarem alternativas são nossos alvos.
De 18 de julho a 11 de setembro de 2025 (leia-se 2016) estaremos no Oi Futuro Flamengo com uma programação repleta de autor reflexões, numa grande itinerância do ERRO através do pensamento, do som, da imagem, do inusitado e da (re)invenção do futuro.
A inspiração que parte do ERRO vem das lembranças da performance inacabada de Naná Vasconcelos, (falecido em 2016) quando ele superou nossas expectativas ao buscar uma solução poético-criativa para uma situação de eminente colapso. Naná viveu no palco do Festival Multiplicidade em 2009, o maior apagão elétrico que o Brasil já sofreu, ironicamente durante a apresentação do seu espetáculo Blind Date, “encontro as cegas”, jamais foi interrompido pelo músico-mago,mesmo no blecaute. Naná usou seus instrumentos tribais percussivos– chocalhos, tambores, berimbaus, voz e pés – para continuar a performance e transportar o public para uma outra dimensão. Estes momentos inesperados ressignificam e ampliam nossas compreensões sobre os poderes da arte de TRANSVER O MUNDO.
Reveja aqui, NanáVasconcelos iluminado
Ao destacar o ERRO não temos a intenção de valorizá-lo, tampouco criar esteriótipos sobre as “gambiarras” que atendem as nossas urgências.
A opção pelo ERRO como temática, encontra sua ressonância mais direta, na frase do “Manifesto Modernista/ POESIA PAU-BRASIL”, de Oswald de Andrade: “A CONTRIBUIÇÃO MILIONÁRIA DE TODOS OS ERROS“.
É simples e claro: já que a única condição do jogo atual é ser o vencedor, a ideia é trazer para o primeiro plano as nossas falhas e fracassos para revermos tudo que já foi feito. A partir do caos e da imperfeição temos a chance de estabelecer novos olhares, numa relação mais humanizada e coletiva. Não estamos em busca das histórias de sucesso, nem a espetacularização das artes, tampouco a glamourização do artista. Ao contrário, queremos olhar para os desvios, lacunas, silêncios, ruídos e revezes e contratempos das nossas ações, normalmente não reveladas.
“Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial (Várias vezes)” ***
Estamos diante do percurso imperfeito, do imprevisível e do desconhecido. ERRAR é perseverar, rever e refazer.
Em momentos de necessária reinvenção é fundamental seguir a simplicidade como a grande arte da complexidade. Hoje, menos é mais.
Batman Zavareze
Curador do Festival Multiplicidade_2025_Ano 20
*** Extrato da música “Fora da Ordem”_Caetano Veloso_1992 (mais atual do que nunca)