Multiplicidade 2020 é um livro aberto entre passado e futuro

IMG_9335

Em outubro passado, cinco mil pessoas lotaram o Circo Voador para assistir a uma apresentação especial do BaianaSystem na abertura do Festival Multiplicidade 2019. E que show de plateia foi aquele, que recebeu o grupo com um caloroso repertório de danças, pulos, rodas de pogo, abraços e beijos, numa celebração da vida, sem que ninguém – quem? – pudesse imaginar o que estava por vir. Um ano depois, a pandemia fechou o Circo, a Lapa, a cidade, o pais, o mundo, retorceu nossa noção de tempo e suspendeu a vida por um fio. Mesmo assim, o show tem que respirar. O Multiplicidade tá on, novamente, e aperta o play da edição 2020 – álcool gel nessa mão, por favor –  com um evento on-line, hoje, a partir do Oi Futuro Flamengo, às 19h, com um bate-papo entre Batman Zavareze, curador e idealizador do festival, e Russo Passapusso mais Filipe Cartaxo, respectivamente voz e imagem do BaianaSystem, via YouTube, seguido, às 20h30m, pelo lançamento do livro sobre a edição de 2019, como um instalação artística, colaborativa, que vai ser transmitida, ao vivo, no canais digitais do evento.

– Não se faz um festival internacional no brasil, com “b” minúsculo mesmo, ao longo de 15 anos sem uma motivação visceral – diz Batman. – Entre acertos e erros, o legado do Multiplicidade é inquestionável no campo da realização e movimentação de uma cena, mas agora começa um novo ciclo, com novas mediações virtuais. Negar isso, negar essas novas narrativas de existência, seria falta de sensibilidade.

01_PAGINAS_DUPLAS_poster

Peça de arte, em edição limitada de 300 exemplares, o livro, sem título, usa técnicas experimentais de criação gráfica para reunir obras apresentadas na edição passada – de Rosa Magalhães, Dani Dacorso, Raul Mourão, Cabelo, Thiago TeGui e o próprio Cartaxo, sob o tema BRASIS – e, ao mesmo tempo, sinalizar mais um recomeço do festival, através do novo slogan, “O QUE EU QUERO AINDA NÃO TEM NOME”, inspirado em Clarice Lispector, cujo centenário será celebrado na programação de 2020. Na instalação, o livro – que pode ser baixado nesse link – vai ganhar uma outra dimensão, em realidade aumentada, através dos recursos de QR Code.

– Nesse momento de escassez geral, de muita dificuldade em produzir e viabilizar, olhamos para a força poética em produzir um livro, utilizando técnicas do passado e recursos sofisticados de impressão – explica Batman. – O livro olha para os BRASIS, tema de 2019, com as obras desses artistas que passaram pela nossa programação sem nenhuma preocupação documental de um catalogo, e planta uma semente para nosso futuro ao lançar um filtro de realidade aumentada na capa, sem nome algum, com o tema O QUE EU QUERO AINDA NAO TEM NOME.

02_PAGINAS_DUPLAS_poster

Para um festival que sempre usou a tecnologia para fazer conexões e aproximações, a novidade foi renovar o seu uso nesse momento de distanciamento e reclusão.

– No isolamento social, surgiram novas formas de comunicar e explorar experiências em plataformas que já estavam obsoletas e ou em desuso – analisa ele. – Skype, Zoom, e QR code são exemplos de recursos que foram ativados, pela necessidade de criar usando a conexão e a interatividade como forca motriz. Olho para o passado e para o futuro das tecnologias com a mesma generosidade e fetiche de encantamento para enxergar o presente.

Sobre o que o festival quer em 2020, Batman tem uma resposta múltipla.

– Falar de urgências. Remixar passado e futuro sem deixar de olhar para dentro. Abrir mais espaço para quem não está no jogo. Falar do futuro das experiências. Movimentar a cena, com um olhar de pirâmide invertida, valorizando uma massa maior, que agora vai estar no topo. Afinal, estamos num momento que urge por realizações. Não podemos ficar parados.

 


 

Publicado em Sem categoria por blogmultiplicidade. Marque Link Permanente.

Sobre blogmultiplicidade

O Multiplicidade_Imagem_Som_inusitados é um festival de performances audiovisuais que acontece desde 2005 no Rio de Janeiro e que mostra ao público um amplo repertório de atrações no Oi Futuro Flamengo e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. O seu principal conceito é unir em um mesmo palco arte visual e sonoridade experimental.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *