No ardente labirinto das ausências

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Por Cadu*

Uma Fênix forjou ninho em solo imperial.
Sobre as penas do uiraçu-verdadeiro, sobre Bendegó. Sobre as presas do tigre-dentes-de-sabre e sobre a pachorra da Preguiça Gigante.
Sobre as patas de Decapoda. Em casaco de intestino de foca, sobre o Rato-do-cacau, sobre o celacanto. Sha-Amun-en-su e Harsiese. Sobre Luzia.
Novamente sobre os afrescos de Pompéia. Sobre o Escudo do Uapés e sobre o Trono Daomé. Sobre a coleção Rondon. E sobre as vozes do Ilê Omolu Oxum.
Brahma, Vishnu e Shiva, Prometeu, Nhanderuvuçú e Empédocles a tudo assistiram.
Que a metalurgia se converta em arômatas curativos. Todas as cinzas, todo o desespero contemplado no limite da cegueira e da iluminação é a manifestação do clamor do tempo por renovação.
Segundo a lenda judaica, Deus escreveu as leis usando dois fogos: um branco e um negro.
Com o fogo negro, foram escritas as palavras. Com o fogo branco, os espaços entre as letras.
Durante sete mil anos, o homem lerá as palavras, mas nos próximos sete mil aprenderá a ler os espaços em branco.
Quando esse momento chegar, entenderemos o que se oculta no ardente labirinto das ausências.
O Departamento de Artes e Design da PUC-Rio demonstra tanto sua indignação quanto sua solidariedade no romper desta ainda incompreensível aurora.

* Cadu, artista plastico e professor do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio

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Sobre blogmultiplicidade

O Multiplicidade_Imagem_Som_inusitados é um festival de performances audiovisuais que acontece desde 2005 no Rio de Janeiro e que mostra ao público um amplo repertório de atrações no Oi Futuro Flamengo e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. O seu principal conceito é unir em um mesmo palco arte visual e sonoridade experimental.

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