Instalação de Filipe Cartaxo abre nova dimensão para o BaianaSystem

Baiana4

Filipe Cartaxo faz música com imagens.  Ele é o responsável pela marcante identidade visual do BaianaSystem  – dos inúmeros grafismos às cultuadas máscaras, tudo o que se vê e o que se toca do grupo tem sua assinatura. Sempre trafegando de forma equilibrada entre o digital e o analógico, Cartaxo abre uma nova dimensão para o BaianaSystem com a instalação “PIB – Produto Interno Bruto”, feita especialmente para o Festival Multiplicidade 2019, que estreia hoje, às 19h, no Oi Futuro Flamengo, onde segue até o dia 6/10. Num papo com o idealizador e curador do festival, Batman Zavareze, Cartaxo  fala sobre  esse inédito mergulho sensorial no processo criativo do grupo, e também sobre sua formação multidisciplinar e seu olhar para a arte..

– Sempre pensei no palco como uma exposição – revela.

Como você descreve a instalação “PIB – Produto Interno Bruto”? 

Filipe Cartaxo – Sendo BRASIS o tema do Multiplicidade desse ano, o PIB, de antemão, desloca o olhar para produção interna do BaianaSystem. Compartilhar um pouco do processo do grupo, trazendo a ambiência, a forma bruta de se produzir, a idéia solta, a imagem incompleta, a respiração, a voz da guitarra, os ruídos. São elementos soltos que, ao se combinarem, criam um local particular.

A instalação é uma metáfora do que se passa na cabeça de vocês, do BaianaSystem?

FC – Ela vai mostrar processos e produtos na sua forma bruta. Vai ajudar a identificar elementos que mudam através da própria forma, despertar sensações visuais, sonoras e reflexivas acerca do universo criado dentro de cada cabeça do grupo. E isso, de certa forma, acontece na cabeça de todos, somos estimulados o tempo inteiro e nem sempre sabemos organizar em qual caixa guardamos o que absorvemos.

Por que dividir a instalação em três partes: sonora, visual e reflexiva? Como vocês chegaram nesta síntese que muito representa o BaianaSystem?

FC – Isso foi o mestre B Negão quem falou. Ele sempre está por perto, na verdade ele faz parte do sistema, é uma peça fundamental. Na época que lançamos o álbum “Duas cidades”, ele falava das diversas artes inclusas no BS e essas três me chamaram muito atenção como fundamento. Ficou mais simples enxergamos dessa forma, como uma maneira de organizar ideias, ver princípios.

Você já tinha pensado no BaianaSystem além do palco, numa exposição? Curte a ideia de ver as ideias que vocês promovem dentro de outra contemplação, numa galeria? 

FC – Na verdade, eu sempre pensei no palco como uma exposição.  Mas de fato, o ambiente do show traz comportamentos  distintos de uma galeria, o que é curioso.

Através do seu currículo é possível entender sua formação artística antes do BaianaSystem e seu interesse em tantas linguagens multidisciplinares?

FC – Achava que (a minha) era Arquitetura. Fiz Urbanismo. Larguei. Passei na Escola de Belas Artes da UFBA no curso de desenho industrial (design). Me formei em 2009, já com a identidade do BaianaSystem. A fotografia foi a primeira linguagem que me fez entrar numa galeria, em 2004.