Múltiplos

Não se faz um acontecimento cultural artístico potente sem uma rede de pessoas unidas com um objetivo comum. Ao longo de 11 anos o Festival Multiplicidade investe na formação técnica, ética e estética continuada de pessoas com habilidades, capacidades, conhecimentos e praticas diferentes que têm muito a contribuir para profissionalizar uma cena. Investir e extrair o melhor das pessoas envolvidas passa pelo mais profundo compromisso do festival.

A entrega para o edital é um evento, mas para nós é um experiência coletiva transformadora. A vida muitas vezes é dura, bruta e feia mas uma plataforma que promove arte, a nova arte híbrida embebedada de recursos tecnológicos ao vivo, tem a oportunidade única de formar um novo profissional num mercado viciado e contaminado por lógicas cruéis de sobrevivência. Não existe arte total sem humanizar o processo, não existem ações individuais bacanas que não enxerguem o problema do outro. A intenção ao trabalhar arduamente durante um ano é, sempre que estiver ao nosso alcance, escutar e lutar para fazer o melhor possível. Não existe impossível até quebrarmos a cara com nossas persistências. Para formar profissionais capacitados para desafios ambiciosos tem que ser duro, sem perder a ternura, mas a dinâmica da construção deste circo exige uma série de decisões que fogem a planilha, tomam riscos, são indisciplinadas, transversais e através de nossas vidas sem perguntar “porquês”.

Um festival se faz na primeira pessoa do plural com inúmeras contribuições erráticas, mas sem nunca esquecer das avalanches de carinho distribuídas a todos envolvidos, equipe e artistas, pois o impacto reverberado seria vão, insignificante, frustrante e efêmero sem distribuições em doses cavalares deste sentimento. Nosso maior legado não é a pujança da entrega do acontecimento mas a rede de afetos que se fortalece a cada edição. Os que estão e os que passaram deixaram sua marca na nossa história com muita transpiração e paixão, por isso sou eternamente convicto da força invisível da educação, do “learning by doing” sem medo de fracassar, dá continuidade e da insistência, pois nossas contribuições são inegáveis para tornar a cena artístico-cultural forte e permanente.

Mirian Peruch, Patricia Bárbara, Nado Leal, Raquel Bruno, Mariana Duque, Eduardo Bonito,Brenno Erick, Beline Cidral, Joca Vidal, Bebeto Abrantes, Glauber Vianna,Leo Eyer, Billy Bacon, Alex Augusto, Joao Oliveira, Luiza Viglio, Gui,Rodrigo Moura, Alexandre Paranaguá, Jean, Baldi, Alessandro Boschini, Léo DL, Eduardo Magalhães, Diana Sandes, Gabi Carrera, Francisco Costa, Maria Cristina Rio Branco, Marina Ivo, Daniela Del Corona, Renata Carneiro, Rodolfo Alves Carioca, Júlia Malafaia , Susana Lacevitz ,Jane Deluc Paola Barreto, Fabio Fantauzzi e inúmeros outros profissionais que se jogam em nossa rampa de voo exalando prazer nos seus poros. Sempre muito orgulhoso deste carinho que vai, volta e fica. Parabéns!!!!

MB

Ass: Batman Zavareze – Diretor e Curador do Festival Multiplicidade

Futuros possíveis

Texto publicado por Ivana Bentes, logo após sua participação no Painel Memórias Futuras @ Festival Multiplicidade 2025:

“Futuros possíveis. Parque Lage é um lugar mágico e neste sábado chuvoso e nublado estava ainda mais misterioso e vibrante lotado de pessoas inquietas. Participei do Painel Memórias Futuras uma roda incrivel de antevisões dos futuros a convite da Paola Barreto e do Bat Zavareze. O futuro é uma ideia “antiga” e quase sempre é datado, pois nunca estaremos nele, porque é sempre uma construção do presente urgente. Com essa provocação sobre futuros possiveis a roda de conversa passou por temas e experiências surpreendentes. O que há de futuros em curso no presente? Como hoje o ancestrofuturismo e as cosmovisões indigenas e ancentralidades são inspiradoras de futuros. Como a América Latina continua como um lab de mundos. As “vitalidades catastróficas” (termo do Fausto Fawcett) nos ajudam a pensar os futuros, as possibilidades de ressureição, os instantes e presentes eternos, as temporalidades inventadas pelos povos para fugir da ditadura do presente e as ideias e projeções de futuros usados para nos imobilizar (em nome do futuro se tem hoje discursos conservadores, de preservação do status quo). Outros futuros mais provocadores como os da ficções especulativas de Donna Haraway e os exterminadores de futuros que moldam e reduzem as cidades a seu fim mercadológico, privatizando, monitorando, expulsando os pobres e os cosmopolitanos das ruas e do espaço público. A conversa teve performance, leitura, falas inspiradoras e bem que merecia um registro para os futuros. Neste domingo é o último dia do ‪#‎FestivalMultiplicidade e da exposição ‘Quarta-Feira de Cinzas”, curadoria da Luisa Duarte no lindo Parque Lage.”

CLAP_PMM

Multi_Ocupação_2025

Não existe cultura sem patrocínio. E patrocinar é fazer escolhas que também são co-curadorias. Eu tive o privilégio de estar no momento exato de idealização do primeiro centro de arte, educação e tecnologia do Rio de Janeiro com as pessoas mais visionárias e motivadoras que conheci: Samara Werner, Maria Arlete Mendes Gonçalves, Jose Augusto Gama Figueira, liderando uma equipe que tinha brilho nos olhos, na alma e na mente, dentre eles; Roberto Guimarães, Maíra Pimentel, Andre Couto, Alberto Saraiva, Victor D’Almeida, Pedro Genescá, Mariana Varzea, Cristina Becker, Bruna C Queiroz da Cruz, Taissa Thiry Sentone, Fernanda Sarmento, Carla Branco, Claudia Leite, Maria Helena Oliveira, Sabrina Candido,… Pessoas que ajudaram a modelar projetos no Brasil que aceleravam o conhecimento através das ferramentas tecnológicas do século XXI. Foi um enorme investimento físico, intelectual e financeiro para conscientizar a necessidade de novos formatos e modelos de negócio na indústria cultural (e/ou criativa), criando um formato de responsabilidade empresarial de longo prazo com foco na educação e cultura, propondo mudanças nas políticas públicas voltadas à cultura, fixando em nosso calendário um duradouro edital de fomento cultural… e no meio de todos estes ensinamentos surgia a esperança de viabilizar um projeto encubado em mim, propor um festival com um modelo diferenciado de todos os outros que havia conhecido ou experimentado mundo afora.

11222801_1173626785987923_6557463793033742430_nAté hoje eu explico sobre o formato Intervalado e laboratorial das primeiras atrações, dos encontros inéditos, fortalecendo uma cena no Rio de Janeiro que era inexistente, ocupando pelo menos um semestre inteiro, enraizado na formação educacional duradoura, com capilaridades internacionais estratégicas para criar redes e pensando nas três pontas com igualdade: artistas, público e realizadores, pois nosso camarim só guarda mochilas porque a área de convivência sempre foi comum. Nós, uma equipe de centenas de profissionais que se formaram e continuam conosco, realizamos o Festival Multiplicidade a 11 anos, mas reitero que um acontecimento cultural artístico, livre, investigativo, continuado, potente, atrevido, honesto, tecnológico, híbrido, reconhecido e referencial para outros novos acontecimentos só existe porque não temos patrocinadores e sim parceiros estratégicos de ideias e afetos.

PAD-4008O Oi Futuro é co-autor deste movimento desde a primeira conversa, compartilhando erros e sucessos, apostando todos os anos em nossas inusitadas estreias promovidas em cada nova ação. Hoje começamos nesta casa com os franco-suiços 1024 Architecture as 20h a nossa maratona de performances, instalações, painéis, festas e workshops. A programação do Multi_Ocupação vai até dia 08 Nov. percorrendo o próprio OFFlamengo, o Planetário e o Parque Lage.

Viva Oi Futuro!!!!