Impressões sobre o D-Fuse

Mike Faulkner – Projeções, criações audiovisuais e live VJing
Matthias Kispert – Composição e produção sonora. DJ Set na festa de encerramento.

O D-Fuse é um coletivo de artistas audiovisuais baseado em Londres, que usam tecnologias emergentes criativas para explorar questões sociais e ambientais. Fundado em meados dos anos 90 por Michael Faulkner junto à outros artistas interdisciplinares. O coletivo explora seus trabalhos através de diversas mídias, como multi-telas, documentários experimentais, fotografias e instalações audiovisuais arquitetônicas.Amplamente reconhecido como pioneiros da cultura audiovisual, Mike editou o livro VJ: Audiovisual Art + VJ Culture em 2006 que praticamente estabaleceu a cultura até então estranha do VJ e performances que passaram a utilizar a carga visual como material de apoio e como objeto principal, até então inéditos nos meados da década de 90 e estabelecidos desde então.

A performance tinha como base a tecnologia da holografia produzida a partir de dois tecidos vuais cuidadosamente alinhados paralelamente, cada qual com um projetor independente gerando o conteúdo de imagem que, quando sobrepostas, criavam a ilusão ótica tridimensional. A música era totalmente sincronizada ao vídeo da apresentação, reagindo naturalmente com as formas por Mike Faulkner.

Tekton foi a segunda apresentação do D-Fuse no Multiplicidade, desta vez contando com o produtor sonoro e compositor austríaco Matthias Kispert, como responsável pelo áudio criado ao vivo para a apresentação. A trilha tinha enorme influência do club e do techno, ritmos estes que marcaram tanto o final dos anos 80 e início dos anos 90 em Londres, com batidas cadenciadas e influências musicais feitas como camadas sonoras sobrepostas, criando quase uma viagem ao espírito do início do movimento audiovisual inglês.

A participação do D-Fuse foi além de somente a performance no Teatro, passando a uma ocupação do Oi Futuro como um todo. Externo ao teatro, estava exposto seu trabalho Pathways: Kings Cross, e no primeiro andar, Matthias Kispert comandou a festa de encerramento do ano, em um clima mais descontraído e dançante para mais de 100 pessoas presentes.

Impressões sobre o Pianorquestra + Pedro Rebello + Justin Yang – Tributo a John Cage


Anne Amberget, Antônio Ziviani, Tatiana Dumas, Marina Spoladore, Masako Tanaka, Priscilla Azevedo – Piano preparado e percursões
Pedro Rebello e Claudio Dauelsberg – Composição e regência
Justin Yang – Design e criação visual

Tomas Barfod – DJ Set de encerramento

Fundado pelo compositor Claudo Dauelsberg, o Pianorquestra é um grupo formado por 7 pianistas e 1 percursionista que explora elementos étnicos das raízes brasileiras em interpretações virtuosas, sem abrir mão da sensibilidade, delicadeza e lirismo, num repertório que contém samba, coco, ciranda, repente, maracatu, entre outros ritmos tipicamente brasileiros mesclados com influências mundiais contemporâneas.

Pedro Rebelo é pianista e diretor do Sonic Arts Research Center (SARC), centro de pesquisa musical fundado pelo músico experimental alemão Karlheinz Stockhausen em Belfast, na Irlanda do Norte.

A idéia da performance surgiu a partir de uma visita de Batman Zavareze, curador do Multiplicidade, aos laboratórios e centros de estudo do S.A.R.C.. Ao discutir sobre a possibilidade de uma apresentação no Multiplicidade, pareceu natural que fosse uma homenagem ao centenário de nascimento do compositor americano John Cage.

O PianOrquestra seguiu a risca as famosas bulas de piano preparado de John Cage, desconstruindo a figura do piano como somente um instrumento melódico e limitado dentro de uma determinada escala musical. Com luvas, baquetas, palhetas de violão, fios de náilon, sandálias de borracha, peças de metal, madeira, tecido e plástico, o grupo passou executar diversos timbres e sonoridades produzidos pelo instrumento de acordo com a regência de Pedro Rebelo e de Carlos Dauelsberg.

A apresentação fez um passeio pelas idéias e proposições de John Cage, suas intervenções no mundo da música e o legado gerado, seus pensamentos sobre som e silêncio em aproximadamente 60 minutos, onde o grupo intercalava nos dois pianos preparados algumas composições do mestre e de outros artistas influenciados por ele.

Totalmente inédita foi a apresentação do sistema de partituras criada pelo designer Justin Yang, cuja composição era feita ao vivo por Pedro e representada em tela por meio de grafismos a serem interpretados pelos músicos do PianOrquestra totalmente através de improviso.

Homenagear a importância e o papel de John Cage para a história da música e do Multiplicidade não foi uma tarefa fácil, mas essa delicada apresentação mostrou que o autor está cada vez mais presente na música contemporânea, ultrapassando somente o aspecto sonoro.

Cage é fundamental para entender não só para entender a pesquisa musical contemporânea, mas seu pensamento sobre o silêncio, o som e o barulho continuam sendo de vanguarda até hoje, 100 anos após seu nascimento.

A difícil tarefa de entreter um público que saía da experimentalidade da performance para a festa de encerramento ficou para Tomas Baford, DJ dinamarquês e baterista da banda WhoMadeWho.

Em um dos dias mais lotados do Festival Multiplicidade, Tomas colocou o Oi Futuro pra dançar, embalado a temas de indie rock e o house europeu.

E temos Wladimir Gasper encerrando nossa temporada.

Ele poderia ser um metafísico ou um filósofo freestyle, mas é músico dentre zilhões de outras coisas.

“Wladimir Gasper, sobrinho de um cineasta russo, nasceu na Ucrânia e veio pro Brasil ainda jovem. Saiu do ex-país soviético para se aventurar nas inspirações dos trópicos e aqui criou seu bunker”.

Assim, o artista Pedro Bernardes transforma sua realidade íntima-psicodélica em sons inusitados, que podem ser marcados ao compasso de seu próprio corpo. Cheio de metáforas e improvisos, ele é um cara de interseções, não de pertences -“. Gosto de materializar a música de forma dinâmica, independente de instrumentos ou estilos. Meu som é um quebra-cabeça: eu tenho as peças, mas posso arranjá-las da forma que eu quiser “– confidencia o beat-maker, instrumentista e arranjador.

No fantástico mundo de “instrumentos vintages” de Wladimir Gasper vive um talentoso músico, que toca sempre ao vivo, cada vez mais requisitado nos line ups da cidade.

Ele tem formação autodidata, diz não ter conhecimento de vertentes, escolas e não investe muito tempo para ouvir outros artistas. Seu compromisso é consigo mesmo e suas ideias, que se transformam em sonoridades mirabolantes – Trabalho na medida do meu prazer.

Não é necessariamente uma música que vai me influenciar, são as pessoas, uma atitude, uma arquitetura. É tudo sinestesia. Me relaciono com o som de forma imaterial, é espírito. Me divirto muito nesse processo íntimo de criação, na experimentação. É uma felicidade fudida quando você tem uma inspiração na cabeça e consegue materializá-la – revela.

Apesar de parecer divagar num mundo paralelo, Pedro, 28 anos, está inserido em diversos meios, fazendo de tudo um pouco, já que tem total aversão a rótulos. Já trabalhou com artistas como D2, Gabriel Pensador, Bebel Gilberto, Timbalada, Carlinhos Brown, Sergio Mendes, Marisa Monte, Mario Caldato, Seu Jorge, Beck, John Legend, entre outros.

Nunca quis parar e escolher algo para fazer. Nunca tive questões existenciais. Sou naturalmente autorizado a ser espontâneo. Faço o que preciso, é fisiológico, minha saúde. Me estimula muito mais confundir do que explicar – diz o multinstrumentista cheio de freestyle na fala.

Pedro leva o tom do improviso aos locais onde toca, sempre na companhia de seu case, carregado de batidas eletronicas e organicas livres, uma penca de multi-efeitos, sintetizadores e mais alguns outros brinquedos.

– O que eu gosto é a carga de presença, a energia dedicada àquele determinado instante em que estou tocando, a emoção que sinto na hora, acho que isso imprime minha identidade, minha produção tem um sotaque muito forte do agora – finaliza Pedro Bernardes ou Wladimir Gasper, como preferir.

Multiplicidade apresenta Tom Zé + SuperUber!

Festival Multiplicidade desse ano terá, no próximo dia 6 de dezembro, um encerramento especial: o inquieto tropicalista Tom Zé vai se unir ao escritório de arte digital SuperUber para uma performance elaborada especialmente para o evento. Levando para o festival o fator inusitado, além de sua música, Tom Zé fará um show baseado em seu último disco, “Tropicália Lixo Lógico”, onde resgata e analisa, ao lado de artistas da nova geração como a cantora Mallu Magalhães, o movimento Tropicália, do qual fez parte ao lado de outros como Gil e Caetano. Além dessas canções da nova safra – entre elas Não tenha ódio no verão, Navegador de canções e Apocalipsom – o artista incluiu no repertório a canção Unimultiplicidade, segundo ele, aparentada com o Festival.

A ideia de juntar a música de Tom Zé com as projeções visuais do SuperUber – que vem fazendo trabalhos mundo afora, incluindo uma recente apresentação da cantora Beyoncé na sede da ONU – é para sustentar uma premissa básica do Multiplicidade, que vem desde a primeira edição do festival em 2005: que a apresentação seja realmente nova e inédita, diferente de tudo que os artistas vêm fazendo em outros palcos. E Tom Zé acrescenta: “tenho que me reinventar tentando fazer cada apresentação incluir toda a improvisação possível para não se tornar um show “engessado” e a plateia ter certeza de que eu e ela estamos vivos.”

Os ingressos começam a ser vendidos terça-feira no Oi Futuro Flamengo e pelo site Ingresso Rapido.

E, pra comemorar, teremos nossa tradicional festa de encerramento comandada por Wladimir Gasper, alter-ego do músico Pedro Bernardes, logo após a apresentação do Tom Zé + SuperUber.

 

>>> SERVIÇO

Tom Zé + SuperUber > Encerramento 8ª Temporada com Wladmir Gasper
06/12/2012 (quinta-feira)
Oi Futuro do Flamengo – Rua Dois de Dezembro, 63 (Rio de Janeiro)

20:00h | 7º Nível | Teatro – Tom Zé + SuperUber
R$20,00 (com meia-entrada)
Capacidade: 100 pessoas em pé.

21:30h | 1º Nível | Festa de encerramento com Wladimir Gasper

info@multiplicidade.com
Curadoria: Batman Zavareze

D-Fuse no Rio

O D-Fuse já se apresentou na maioria dos grandes festivais de arte eletrônica e com artistas renomados como Steve Reich, Scanner e tambem já assinaram a direção de arte/ projeções da turnê de Beck.

Pela 2ª vez no Brasil – fizeram uma das edições especiais Festival Multiplicidade no teatro Oi Casa Grande para 1.000 pessoas junto com outros artistas como Peter Greenaway, The Cinematic Orchestra, AntiVj e outros.

Desta vez eles estão filmando em FULL HD para dois de seus projetos audiovisuais (Live cinema e instalação A/V): Pathways e Taxi Drivers, seguindo uma linha de produção que já percorreu alguns lugares do mundo. A ideia é expor estas instalações no Oi Futuro, do lado de fora do teatro em algumas projeções e telas LCD espalhadas ao do do espaço.

As filmagens do Rio tambem estarão expostas no centro cultural.

Em suas performances audiovisuais, o D-Fuse insere o público em multi-camadas visuais formadas a partir de imagens tanto do mundo real como gráficas gerados por computador. A música para cada projeto é feita singularmente, e oscila entre densas camadas harmônicas de som para criar padrões rítmicos abstratos e hipnotizantes.

Para finalizar a noite do dia 29/11, Matthias Kispert (responsável pelo áudio do D-Fuse) será o seu guia musical, convidando os presentes a viajar através de paisagens sonoras e instrumentais criadas por ele.

Quem é o D-Fuse?

O D-Fuse é um coletivo de artistas audiovisuais baseado em Londres, que usam tecnologias emergentes criativas para explorar questões sociais e ambientais. Fundada em meados dos anos 90 por Michael Faulkner junto à outros artistas interdisciplinares, o D-Fuse explora diversas mídias, como multi-telas, documentários experimentais, fotografias e instalações audiovisuais arquitetônicas.

Amplamente reconhecido como pioneiros da cultura do VJ, D-Fuse editou o livro VJ: Audiovisual Art + VJ Culture em 2006.  A sua prática atual inclui apresentações ao vivo em multi-ecrã desempenhos audiovisuais, documentários experimental, shorts HD, e a arquitectura temporária das instalações. Agora na vanguarda do gênero emergente de Live Cinema, a relação fundamental entre o som ea imagem sustenta todo o trabalho de D-Fuse.

As investigações urbanas do D-Fuse são inspiradas em psicogeografia, tendo como foco conflitos sociais e ambientais que surgem de espaços de convívio público, observando também aspectos pessoais e emocionais das cidades. Seus vídeo Brilliant City [2004] e as performances de live cinema Latitude [2007], Particle [2009], e Endless Cities [ongoing] apresentam visões diferentes e de diversas metrópolis contemporâneas e sobre como sua população interage e a modifica o que acontece alí.

O trabalho colaborativo é o eixo central do D-Fuse, onde o coletivo foi levado a trabalhar com artistas como BeckScanner, Burnt Friedman e Swayzak, asim como o compositor clássico contemporâneo Steve Reich junto à London Symphony Orchestra, e o grupo clássico italiano Alter Ego.

A carga sonora dos diversos projetos fica por conta de Matthias Kispert, cujo trabalho envolve gravações de paisagens sonoras, interferências eletromagnéticas e influencias musicais de diversas culturas.

FESTIVAL MULTIPLICIDADE 2012 – D-FUSE
29 de Novembro de 2012 

Apresentação> D-FUSE (UK) – Tekton
Oi Futuro Flamengo | TEATRO | 20h | R$ 20

DJ Matthias Kispert  (AUS)
Oi Futuro Flamengo | 1º NÍVEL | 21h às 23h | Gratuito*
* Entrada até as 22h30 impreterivelmente

Oi Futuro Flamengo www.oifuturo.org.br
Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo
Telefone: (21) 3131-3060

Sobre Tomas Baford

Tomas  Baford começou a tocar bateria aos 10 anos, mas em algum momento começou a comprar sintetizadores vintage, samplers e seqüenciadores. Ele lentamente começou a discotecar e produzir música onde, desde então, vem fazendo uma variedade de música produzida eletronicamente sozinho e com parceiros diferentes (fx. Kasper Bjorke) e em várias gravadoras importantes.

Depois de alguns anos na música eletrônica ao vivo, a clubscene travando lentamente sobre ele novamente, e ele começou a banda Whomadewho com dois colegas dinamarqueses, onde ele toca bateria e produz. Em geral, você poderia dizer que sua carreira tem sido bastante diversificada – basicamente, ele tem vindo a fazer de tudo, desde techno ambiente de pop japonês.

Para Tomas Barfod o kickstart veio com o ácido ‘Tomboy’ / discoteca 12 séries” na Gomma registros, logo depois veio lançamentos em Get Physical, Kitsune e Turbo, onde ‘Samba’ e ‘IK Guitarra” tornaram-se hit dos “clubbangers”.

Tomas é também um remixer muito solicitado e tem feito remixes de diversos artistas, tais como Bloc Party, Franz Ferdinand, Gorillaz, Lopazz, telex, Chromeo, Ásia Argento só para citar alguns.

Como DJ, tocou clubes lendários como Fabric (Londres), Panorama Bar (Berlin), Bar 25 (Berlin), Goa (Roma), Magazini Genarali (Milan), Razzmatazz (Barcelona), Lux (Portugal), Social Club (Paris).

Tomas foi envolvido em muitos projetos. O bem sucedida é mais Whomadewho, que já lançou três álbuns e vem percorrendo o mundo inteiro a partir de Nova Iorque para Sydney e foi jogar dos clubes mais importantes e festivais como o Sonar, Glastonbury, Melt, Roskilde.

SERVIÇO
DJ set Tomas Baford @ Multiplicidade

Oi Futuro Flamengo | 1º NÍVEL | 21h às 23h | Gratuito
Entrada até as 22:30 impreterivelmente

Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo Rio de Janeiro – RJ, 22220-010
(0xx)21 3131-3060

Pedro Rebelo sobre o espetáculo “Tributo a John Cage”

Pedimos para Pedro Rebelo, diretor do SARC e um dos nossos artistas de amanhã, falar um pouquinho mais sobre essa inusitada performance de amanhã.

A apresentação será parte da programação do Festival Multiplicidade 2012 no Oi Futuro Flamengo (22/11 às 20h) e vamos ter 2 pianos preparados seguindo as bulas de Cage.
Claro que existem algumas interpretações pessoais do manual de preparação de Cage, mas a três meses estão sendo realizados ensaios e debates com os 7 músicos envolvidos entre o Rio e Belfast.

No palco teremos estes 7 músicos virtuosos tocando individualmente e juntos, parte do Brasil (PianOrquestra) e parte do Pedro Rebelo, diretor do SARC, um Media Lab sonoro ligado a Queen’s University de Belfast incrivel que foi criado com a supervisão de Karlheinz Stokenhausen.

O repertório será baseado em Cage e seus discípulos: Arvo Part, Ligeti, Paert mas terão tambem releituras autorais inspirados nos preceitos dele.

No campo visual, tambem seguindo a inspirações das autorais partituras de Cage teremos o americano tambem ligado ao SARC, Justin Yang  se inspirando e recriando com novas tecnologias uma versão contemporânea de grafias musicais que servirão aos músicos ao longo do concerto. Um trabalho de webwork com animações geradas ao vivo.

O repertório do show (que ainda pode ter alguma pequena adaptação):

PianOrquestra – Perk – 4’31” (Mako, Claudio, Marina, Priscilla, Anne)
PianOrquestra Medley (Mako, Claudio, Marina, Priscilla, Anne)
Pedro Rebello – Netgraph – 10′ (Mako, Claudio, Antonio, Priscilla, Anne, Tatiana)
Justin Yang – Webworks – 10′ (Mako, Claudio, Antonio, Priscilla, Anne, Tatiana)
John Cage – Sonata I – 3′ 04″ (Antonio)
John Cage – Sonata V – 1’49” (Marina)
John Cage – Sonatas XIV e XV – 3’21” (Claudio)
Arvo Pärt – Für Alina – 1’29” (Claudio)
György Ligeti – Musica Riccercata – 3’50” (Marina)
Earle Brown – December 1952 – 2 (Antonio)
Peça colaborativa entre Pedro, Justin, pianOrquestra (Mako, Antonio, Priscilla, Anne, Tatiana e Claudio Dauelsberg)

PianOrquestra & Pedro Rebelo + Justin Yang – Tributo a John Cage

O Festival Multiplicidade apresenta amanhã um tributo ao centenário do nascimento do compositor americano John Cage, com os cariocas do PianOrquestra, ao lado de Pedro Rebello e Justin Yang, membros do SARC (Sonic Arts Research Centre), centro de pesquisas fundado sob a direção de Karlheinz Stockhausen, localizado em Belfast (Irlanda do Norte). Esse resgate da obra de Cage no concerto-homenagem pretende apresentar a bula de experimentações da música eletroacústica.

O programa destacará o chamado piano preparado e as diferentes abordagens de música indeterminada, que são elementos musicais decididos na hora da execução – duas contribuições da mente de vanguarda de Cage. Na hora, obras serão integradas num programa de criação de uma peça colaborativa exclusiva para o concerto. Serão sete músicos tocando dois pianos simultaneamente no palco do Multiplicidade.

Além de reverenciar as inovações de John Cage através de suas obras, o repertório – decidido ao longo dos últimos meses em uma troca constante entre Rio e Belfast – também traz peças de discípulos do compositor, como Arvo Part e Gyorgy Ligeti. No espetáculo, enquanto as obras são apresentadas, o americano Justin Yang cuidará do design visual gerando em tempo real grafias musicais inspiradas em partituras de Cage.

Quem fechará a noite será o DJ dinamarquês Tom Barfod*, integrante da banda WhoMadeWho, que traz músicas de seu novo trabalho solo Salton Sea.

* “A apresentação do Tomas Barfod conta com o apoio do Instituto Cultural da Dinamarca, instituição sem fins lucrativos ligada ao Ministério de Cultura da Dinamarca. Esta apresentação também celebra o lançamento da programação de música eletrônica da plataforma Dinâmica Dinamarquesa, que apresentará músicos dinamarqueses para o público brasileiro nos próximos anos, criando assim novas colaborações entre os artistas de ambos os países” diz Batman, curador do festival.

SERVIÇO

Multi_04_2012 > PianOrquestra & Pedro Rebelo + Justin Yang (SARC)

Nível 7 – 20h: Apresentação no teatro

Nível 1 – 21h: DJ set com Tomas Baford

Dia 22 de novembro (quinta-feira)

Local: Oi Futuro do Flamengo – Rua Dois de Dezembro, 63 (Rio de Janeiro)

Horário: às 20h no teatro: PianOrquestra + Pedro Rebelo + Justin Yang

Entrada: R$ 20,00 (com meia-entrada)

Capacidade do teatro: 84 lugares a cada sessão

Censura: Livre

info@multiplicidade.com

Curadoria: Batman Zavareze

Impressões sobre O Grivo e sua Máquina de Música

O Grivo – Nelson Soares e Marcos Moreira

Com mais de 20 anos de carreira, O Grivo é um projeto criado pelos músicos Nelson Soares Marcos Moreira, cujo trabalho multidisciplinar abrange desde trilhas para artistas das mais diversas mídias, concertos, instalações e performances, e utilização de equipamentos eletrônicos audiovisuais.

Nos dias 24 e 25 de Outubro a dupla se apresentou no Multiplicidade com a peça Máquina de Música, onde a ambientação sonora característica de seu trabalho sofria a interferência de maquinetas criadas especificamente para o concerto.

Essas pequenas estruturas musicais iam além do papel cenográfico, funcionando como instrumentos de apoio ou como um terceiro músico dentro da atmosfera musical proposta pelo O Grivo. Essas pequenas engenhocas formadas por peças de madeira, buretas, um tocador de fitas DAT, metrônomos, entre tantos outros objetos, pareciam que ganhavam vida de acordo com a regência da dupla.

E foi assim durante toda a apresentação, composta de dez peças audiovisuais. No centro das atenções estavam essas pequenas máquinas extremamente delicadas, com uma dupla função: primeiro eram ativadas por comandos através de computadores, para depois ativar pequenos sensores através de movimentos puramente cinéticos.

Cada filme especialmente criado pelo artista plástico Cao Guimarães funcionava como uma narrativa complementar, no papel de um olhar inusitado em cima de cada maquineta da dupla. Enquanto os músicos se movimentavam de forma extremamente silenciosa no palco, era através da imagem que se entendia o momento que uma das peças terminava e quando a próxima se iniciava.

O Grivo propõe uma ambientação sonora através de ruídos e imagens. É como se os músicos levassem o público para um passeio dentro de um mundo muito particular e lúdico, criado através de uma paisagem audiovisual densa. Toda a obra é composta por pequenas manifestações sonoras próprias da não-música, deixando ao espectador a função de interpretar dentro da própria cabeça a mensagem passada pela dupla.

Apesar de toda a atonalidade musical da performance, Máquina de Música ainda tinha uma pequena surpresa guardada para o público, quando os músicos utilizaram um elemento inédito em seu trabalho: a própria voz, entoada através da canção “Felicidade” de Noel Rosa.

O Grivo parece querer passar a mensagem de que tanto a alta tecnologia dos computadores quanto o movimento analógico das máquinas são totalmente complementares, o que gera esse embaralhamento de sentidos em seus quase 60 minutos de imersão sonora. Dialogando com pensadores como John Cage, o barulho é o que importa.

O dia 25 ainda contou com o fechamento da noite comandado pela DJ Mary Zander, no coquetel de encerramento do festival, levando o público a permanecer no centro cultural até meia-noite.

Especialista em house music, fez os presentes dançarem até o fim, contrabalanceando o intimismo da apresentação do O Grivo.

Através de um set preparado especialmente para o festival e sem medo de experimentar e saindo da sua zona de conforto, Mary passeou por diversos ritmos como o nu-disco e a soul music.