Multi_Ocupação | Parque Lage | Dia 3

Depois de 3 dias de ocupação no Parque Lage o Festival Multiplicidade se despede de 2014 reforçando a presença na agenda cultural do Rio de Janeiro, do Brasil e do mundo. A programação do último domingo de certa forma é a síntese dessa década de pesquisa e trabalho que se materializam em performances artísticas e musicais, que exploram diferentes sonoridades e formas de expressão.

multi-30-11-02

Quem chegou cedo pode curtir o já tradicional pic nic no bosque. Em uma área totalmente integrada a natureza, diversos DJs que se destacam no cenário nacional se revezaram para fazer a trilha sonora da tarde ensolarada enquanto amigos se divertiam, famílias se reunião e crianças brincavam. As fusões digitais/analógicas de Zaws, os graves de Guilherme Granado, o contrate entre o tradicional e a vanguarda de Maga Bo, a influência regional cosmopolita de Gabriel Guerra (40% foda/maneiríssimo) e o Brasil digital de Ricardo Vincenzo, quem viu e ouviu experimentou um pouco do que circula pelas melhores pickups, sintetizadores e sequenciadores em pistas brasileiras.

multi-30-11

Descontrair é ótimo, mas o Multiplicidade também é espaço para reflexão. Em parceria com o instituto francês Le Cube, Carine Le Malet e convidados falaram de artes visuais e tecnologia para um auditório lotado de ouvidos atentos e cabeças inquietas no painel “Arte e tecnologia para todos“.

O experimentalismo também tem lugar cativo na programação e o Salão Nobre do casarão do Parque Lage foi ocupado pela performance e instalação “Terrestrial Sea” dos britânicos Mark Lyken e Emma Dove, onde Lyken faz uma revisita ao farol, com imagens de Emma em uma sessão que misturou cinema à uma trilha mixada ao vivo.

multi-30-11-03

O terraço da mansão, deu espaço a uma repescagem de nove curtas da VI Semana dos Realizadores que propõe reflexões acerca dos filmes de da produção atual, principalmente no Rio de Janeiro. Outras obras também colocavam o público a frente de outras questões, com a obra do espanhol David Latorre, inpirada nas favelas cariocas, a instalação “Labyrinthitis” do dinamarquês Jacob Kirkegaard, a performance “Cinema Parado” de Jarbas Lopes e a surpreendente instalação “Symbiosis” da paraense Roberta Carvalho, além da instalação “Travelling” de Samir Abujamra com a Fábrica Orquestra.

O sol já não iluminava o Cristo Redentor quando o saxofonista Lars Greve, da Dinamarca e os brasileiros do projeto de música experimental Rabotnik entraram no palco montado no platô do Parque Lage. O encontro inédito, realizado em parceria com o Instituto Cultural da Dinamarca, trouxe ao público a possibilidade de experimentar a improvisação com a sonoridade concreta e abstrata do dinamarquês.

multi-30-11-04

Mas foi a banda When Saints Go Machine que surpreendeu o público logo que subiu ao palco. O quarteto formado em 2007 apresentou um show com sonoridade electro pop nunca visto antes. Músicas dançantes, experimentalismo, influencias pós-punk arrancaram aplausos e elogios do público que se mostrou surpresa e encantada com o obra bastante peculiar dos dinamarqueses, que fecharam o ano 10 do Festival Multiplicidade da forma que deveria ser: com imagem, música e o inusitado. Que venham os próximos 10 anos!