Uma idéia com o DJ Filipe Mustache (FORNO)

Depois da apresentação de Ryoichi Kurokawa, o DJ Filipe Mustache (FORNO) comanda a festa de encerramento da segunda edição do Festival Multiplicidade no Oi Futuro Flamengo,  com um panorama da música eletrônica contemporânea passando por estilos como disco-funk, deep house, acid, miami bass e indie, entre outros. 

Pedimos ao Filipe que nos desse um pequeno depoimento sobre nós e falasse um pouco sobre seu set no dia 27 de Setembro que, inclusive, comemora seu aniversário discotecando pra nós!

Já fui a vários Multiplicidades. Na minha opinião, um evento incrível e de grande relevância para a cena cultural carioca. Multiplicidade foge do óbvio, provoca, inspira, apresenta e representa. Lá conheci o Rabotnik, ouvi Peter Greenway, prestigiei amigos como o João Brasil, Breno Pineschi, e tive a honra de produzir e participar de uma das festas mais divertidas da minha vida e da história da CALZONE, a edição – CHEGA AÊ QUE MEUS PAIS VIAJARAM, onde transformamos o teatro do OI FUTURO em um enorme apartamento, com direito a cozinha, varanda e até uma piscina. 7 DJ’s, cada um com com seu CDJ, tocando em sequência contínua e 3 VJ’s. Foi épico.

Para a edição do dia 27 de setembro, meu aniversário, estou preparando uma seleção musical celebrativa e diversificada, com muito groove, peso, swing e balanço, para ninguém ficar parado. Só não vou tocar “parabéns da Xuxa”. Abs!

Filipe ainda tem um site  (http://www.mustacheland.com/mixtapes) com várias mixtapes produzidas por ele mesmo (com capa e tudo!) que vale muito a pena fazer o download e conferir!

Seu DJ set começa a partir das 21:00 no primeiro nível do Oi Futuro Flamengo até o fim da noite, junto com um coquetel de encerramento totalmente gratuito!

O “Rheo” de Ryoichi Kurokawa

Criado em 2009 pelo artista, a performance Rheo (ou fluxo em grego) já foi apresentada em festivais internacionais e que lhe rendeu diversos prêmios, como o Golden Nica no Ars Electronica na categoria Digital Musics & Sound Art em 2010 e será a primeira vez no Rio de Janeiro.

Rheo é tanto uma instalação audiovisual como uma performance que inspira uma nova experiência sensorial de “som assistido” e “imagens auditivas”. Ela é composta por três telas plana e cinco alto-falantes multicanal, enquanto que cada elemento vertical visual é ligado e sincronizado com uma fonte do canal de áudio mono.

Estas telas são justapostas em linha e se comportam como três elementos audiovisuais totalmente independentes entre si. O cenário reproduz digitalmente imagens de alta resolução perfeitamente sincronizadas com playbacks de gravações de campo, combinando minimalismo e complexidade em um espaço requintado para a construção de beleza arquitetônica.

A peça que em última análise constrói uma “escultura integrada de sons e visuais” e que pode ser considerada como uma tentativa para derreter e amalgamar os diferentes elementos de imagens e som, natureza e tecnologia com a ajuda de um computado

O título “Rheo” refere-se à expressão grega para “fluxo/corrente”, e foi inspirado pelo termo “Panta Rei”, cunhado pelo filósofo Heráclito.

Como na providência de vida e da natureza, as coisas essenciais estão constantemente fluindo e se movendo. Ao integrar elaboradamente imagens de alta qualidade e som construídas como uma corrente única no tempo e no espaço, a peça explora os limites da percepção humana.

Quem é Ryoichi Kurokawa

Ryoichi Kurokawa é um artista audiovisual japonês residente em Berlim, cujos trabalhos audiovisuais se desdobram em instalações e performances. O artista captura paisagens naturais que ele mesmo interfere de forma tecnológica através de softwares específicos para abstração de sentidos.

Também responsável pela composição dos temas minimalistas, Ryoichi se inspira e tem como seu campo investigativo a natureza em imagens como cachoeiras ou em paisagens urbanas, como prédios. Seu trabalho, como ele mesmo frisa, se dá pela hibridização de capturas analógicas junto à essas interferências e tratamentos digitais.

Por isso, Ryoichi define suas peças (como  Rheo, que será apresentado no Multiplicidade dia 27 de Setembro) como esculturas que utilizam algo que nenhuma outra forma de arte pode: o tempo.

Segundo o artista, toda e qualquer peça criada por ele possui uma história e uma narrativa pela qual ele tem a pretensão de demonstrar alguma idéia ou abstração ao público através de apenas suporte imagético e sonoro. Como ele próprio diz, “O idioma de áudio-visual pode ser visto como um verdadeiro vernáculo contemporâneo global.”

Seus filmes parecem como se estivéssemos em um sonho acordado onde, de repente, ocorre o congelamento de imagens e desfoques ópticos.

Uma cachoeira se forma simultaneamente nas três telas, rios fluem no meio de penhascos em claro-escuro, em um universo abstrato de rizomas gráficos e pixels evanescentes, desenvolvendo uma narrativa cinematográfica inquieta criada pelo artista. Acompanhando essas improváveis ligações visuais entre a natureza e modernidade, uma música eletrônica como mínimo granular aumentando a espacialidade através de um sistema de som 5.1.

Ryochi apresentará no Multiplicidade o Rheo, sua obra vencedora de diversos prêmios internacionais, como o Golden Nica do Ars Electronica na categoria Digital Musics & Sound Art.

Multiplicidade 2012 – Ryoichi Kurokawa – RHEO

Dia 27 de Setembro de 2012

Oi Futuro Flamengo

Impressões da Abertura 8ª Temporada

Rabotnik – Apresentação no pátio do Oi Futuro

Vamos Estar Fazendo – Pedro Sá/Guitarra, Contrabaixo Eletromagnético e Domênico Lancelloti/Bateria, Berimbau Elétrico

Paulo Nenflidio – criação dos instrumentos Baixo Eletromagnético, Berimbau Elétrico e do Vírus

Festa de Encerramento com DJ set de Maurício Valladares

No dia 13 de Setembro, o Oi Futuro Flamengo abriu as portas de todo o centro cultural para a chegada da oitava edição do Festival Multiplicidade, trazendo o encontro inusitado da improvisação experimental com instrumentos analógicos e digitais únicos no mundo e com uma cartela de artistas convidados especialmente para o dia.

A proposta dessa noite especial de abertura era ocupar todo o centro cultural com uma séria de atividades conectadas, inciando com uma atração musical no pátio com o grupo, três apresentações no audiovisuais no teatro e um DJ set com lançamento do livro.

O tema dessa edição era o trabalho do artista plástico Paulo Nenflídio, que realiza uma pesquisa musical com interferências musicais radiofônicas e instrumentos analógicos modificados, junto com o trabalho da dupla Vamos Estar Fazendo, formada pelos músicos Pedro Sá e Domenico Lancelloti.

Abrindo a noite, os músicos do Rabotnik abriram o Festival na área externa do Oi Futuro Flamengo. Ainda sob uma fina garoa, a banda conseguiu ecoar algumas de suas composições no pátio, sendo interrompidos pelo apertar da chuva. Rapidamente ficou decidido pelos próprios músicos que a apresentação seguiria para dentro do centro cultural para evitar que se danificasse os equipamentos eletrônicos, evitando assim seu cancelamento.

Três obras de Paulo Nenflidio estavam presentes para uso do Vamos Estar Fazendo e seus improvisos, ora guiadas pelas guitarras de Pedro Sá, ora pelas percussão da bateria de domênico Domênico. No centro do palco estava a obra Vírus, que captava radiofrequências e movimentos do público e dos músicos e reagia com sonoridades rasgadas.

Consistindo em torno de 45 minutos, cada sessão foi dividida em dois atos.

No primeiro ato, os músicos improvisavam em cima de temas elaborados pelos dois. Pedro utilizava um pedal que pré-gravava suas bases, dando a impressão do teatro estar com mais de um guitarrista, e continuava tocando e compondo em cima dessa pequena “parede sonora”, o que parecia uma verdadeira escultura sonora modulada por diversos efeitos de pedais e uso da guitarra até como instrumento semi-percursivo.

Pedro usava sua guitarra não só de forma harmônica, mas  brincava com trocas de captadores e leves pancadas no instrumento para criar novos sons, enquanto que sua comunicação não-verbal com Domênico gerava uma espécie de regência para onde a apresentação iria.

No segundo ato, os músicos deixaram seus equipamentos soando sob as bases pré-gravadas na guitarra. Domenico, então, foi para o Berimbau Eletronico enquanto Pedro assumiu o Contrabaixo Eletromagnético. Este último, captava freqüência de uma rádio FM e era distorcido conforme o guitarrista soava como um baixo normal

Maurício Valladares, pesquisador musical e radialista, começou sua apresentação no térreo e, de forma totalmente orgânica e sem qualquer ensaio, tocou enquanto o Rabotnik, recém-movido para o interior do prédio, o acompanhava improvisando em cima das batidas e grooves selecionados por ele. A banda seguiu para terminar sua apresentação com mais 40 minutos de suas músicas e improvisos, cedendo novamente o palco ao DJ.

Mais de 300 pessoas estiveram no Oi Futuro Flamengo assistindo o Vamos Estar Fazendo e, em seguida, prestigiando o lançamento do livro-catálogo em uma festa que se estendeu até meia noite no Centro Cultural.

Com oito anos de Multiplicidade, a tarefa de inovar e apresentar novos projetos e horizontes artísticos se torna cada vez mais um desafio. Mas, com o viés de sempre trazer novidades, o projeto acaba se reformulando e encontra forças motrizes novas para se reinventar. E foi isso que aconteceu nessa noite: um verdadeiro passeio pela improvisação e pela criatividade de artistas que se propõe a sair de suas zonas de conforto.

Seis perguntas para Domenico Lancelloti

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Domenico Lancelloti é um artista inquieto. Participou de diversos projetos musicais e artísticos, como o +2 (junto com Moreno Veloso e Kassin), Orquestra Imperial, fez parte dos 30 artistas da Rio Occupation London, entre tantos outros, além do Vamos Estar Fazendo.

Preparamos seis perguntas para ele sobre sua carreira, influências e o Multiplicidade.

Confiram!

De onde surgiu essa inquietação de criar o Vamos Estar Fazendo?

O Vamos estar Fazendo foi uma idéia do Pedro Sá, inclusive já veio com esse nome. A intenção era simplesmente se encontrar pra tocar, coisa que fazíamos muito quando nos conhecemos com 12/13 anos, depois vieram as bandas com os repertórios intermináveis, o vamos estar fazendo é tudo criado na hora.

Ao contrário de muitos músicos, você desenvolve um trabalho que permeia bastante as artes plásticas e a outras mídias. Fale-nos um pouco mais sobre seus projetos e influências fora do Domenico e do Vamos Estar Fazendo?

Fora do Domenico não saberia dizer!

Escuto muita música antigas, diversos estilos, gosto de escutar trilhas pra filmes, Mancini, Rota, Alessandroni… Som brasileiro dos anos 70.

Mas também Chelpa Ferro, Tono, Arto Lindsay, Luiz Felipe de Lima, Pedro Miranda, Joãp Gilberto, Donato, Jobim, Stereolab…

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Seu último disco, Cine Prive, foi super bem recebido pela crítica independente brasileira, inclusive com um clipe novo na internet. Como você traça um paralelo desse disco, que tem uma levada bem mais pop, e seu trabalho com o Pedro Sá no Vamos Estar Fazendo?

Estou muito feliz com o movimento do Cine Prive, acabei de lançar um clipe surrealista, dirigido pela Clara Cavour e Felipe Rocha, e o album será lançado agora em novembro nos Estados Unidos e em vinil e CD, contando com faixas bonus ainda inéditas. Eu sempre coloco as coisas todas no mesmo plano, é tudo música, mas tudo sempre parte deste primeiro estímulo visceral que é o improviso, que é a parceria, poder tocar junto com os amigos, estar aberto para as propostas, isso é importante.

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Quais caminhos você vê o Vamos Estar Fazendo no futuro?

O Vamos estar fazendo é sempre no presente!

Domenico, você fez uma passagem pela Rio Occupation London como um dos artistas brasileiros especialmente selecionados para a mostra, o que inclusive te levou a se apresentar com o João Brasil. Nos fale um pouco sobre essa experiência?

Pois é, Londres foi um presente! Nunca havia tido (como músico que está acostumado a bater e voltar) a oportunidade de permanecer numa cidade. Já estive em Londres antes, mas nunca havia conseguido montar a cidade em minha cabeça. Também desenvolvi um trabalho autoral junto ao músico Sean O` Hagen, gravamos uma trilha que provavelmente vai virar meu próximo disco. Além de conviver e colaborar com outros artistas da tão interessante, multipla e talentosa delegação carioca.

Vocês se apresentam três vezes no Oi Futuro na nossa estréia. Que podemos esperar dessas apresentações e, principalmente, da interação com o trabalho do Paulo Nenflidio?

Fico muito feliz de participar mais uma vez desse festival que considero a melhor coisa que acontece no Rio. O Multiplicidade é o lugar onde eu (e muitos outros) gostaríamos de estar, pois não existem mais limites entre som, imagem, artes plásticas, música, vôo livre, nado livre etc…

Maurício “RoNca-RoNca” Valladares

Conhecido como o John Peel brasileiro pela sua busca incansável por novos sons, novas pessoas e tentando cada vez mais fugir da mesmice, Maurício Valladares é um dos grandes nomes da estreia do Multiplicidade 2012 no dia 13 de Setembro no Oi Futuro Flamengo.

Muldisciplinar e eclético, defini-lo como apenas fotografo, músico, DJ ou radialista é  minimizar sua importância na música e na cultura brasileira como um todo. Maurício é um pesquisador e pensador da música pop no Brasil, responsável por lançar diversas bandas nas ondas do dial carioca e do resto do Brasil pelo seu programa RoNca-RoNca.

Um brevíssimo resumo: iniciou sua carreira nos anos 70 como colaborador de revistas e periódicos, e atingiu sua fama como discotecário através da festa e do programa “RoNca-RoNca” a partir de 1992.

Além de radialista, Maurício possui um acervo incrível de artistas brasileiros e internacionais fotografados pela sua lente peculiar, inclusive ganhando o “título” de membro não-oficial do Legião Urbana e do Paralamas do Sucesso. Isso o levou em 2007  a lançar o livro de fotos “Os Paralamas do Sucesso” (Editora Senac Rio), com algumas das muitas fotos em que registrou toda a carreira da banda.

Maurício inclusive acompanhou a última turnê dos Los Hermanos, discotecando na abertura e no fechamento dos shows, além de documenta-los através de fotos e textos.

Para o Multiplicidade, Maurício comanda a festa de encerramento e lançamento do nosso livro-catálogo no primeiro piso do Oi Futuro Flamengo, gratuita e com previsão de início às 20h.

Maurício “RoNca-RoNca” Valladares & Convidados

20h às 24h | Primeiro Andar 

A nova identidade visual

Como acontece a cada ano, o Multiplicidade  assume uma nova identidade visual, traduzindo os conceitos abordados pela curadoria e o espírito do Festival.
A linguagem desenvolvida para este ano, buscou incorporar os dois elementos básicos sempre presentes no Festival – imagem e som – novamente de forma inusitada. Todas as imagens foram geradas à partir do som da palavra Multiplicidade, interagindo através do processing com as formas geométricas básicas que compõe a borboleta símbolo do evento. Estas mesmas formas geométricas foram a base da tipografia desenhada exclusivamente para a identidade de 2012.

Posteriormente, foi construida tridimensionalmente em papel e, sobre ela, foram projetadas as imagens fruto desse experimento digital. Todo este processo foi documentado e o resultado de tudo isso vocês vêem aqui no blog.

Foram diversas pessoas envolvidas, de designers gráficos e de produto a programadores, fotógrafos a cinegrafistas.

Fiquem com algumas imagens do desenvolvimento do projeto, criado pela Boldº_a design company, parceira do Multiplicidade desde o seu primeiro ano em 2005.

Em breve teremos aqui entrevistas com Leonardo Eyer e os demais profissionais envolvidos no projeto.

Um papo sobre a curadoria do Multiplicidade

Em menos de 10 dias, o Multiplicidade volta a ocupar o Oi Futuro Flamengo com uma programação especial, sempre baseada na arte e tecnologia, e desenvolvida através de oito anos pelo curador Batman Zavareze.

O tema da curadoria 2012 é o encontro do analógico com o digital e sua complementaridade. Batman buscou apresentações que dialogassem entre si de alguma forma, e que se complementassem e desenvolvessem em cima do tema proposto. Segundo o curador, por mais rudimentar que seja algum tipo de tecnologia, esta não deve ser encarada como antagônica ao que existe de mais moderno e inovador. Uma não anula a outra, mas se complementam e são bases de pesquisas.

Com essa base, atrações como O Grivo  não se contrapõe ao trabalho extremamente high-tech das atrações provenientes do SARC (Sonic Arts Research Center), centro de pesquisa musical  fundada pelo compositor Karlheinz Stockhausen. John Cage, homenageado pelo seu centenário, recebe uma roupagem única pelas mãos do PianOrquestra utilizando aparatos manuais e microcomputadores.

“Nos anos 80/90 o papo era rever os sistemas analógicos e as tecnologias do passado.  Na virada do século o papo foi uma fascinante e obsessiva atração pelo digital, era da Internet mudando os conceitos sociais. 

Hoje o pensamento é abrir um dialogo hibrido entre low-tech e hi-tech, juntos. Esta compreensão que todas as belezas tem seu espaço é uma maturidade incrivel, permitindo que o artesão conversasse com o cientista. O novo artista digital passa obrigatoriamente pelas formações analógicas e digitais e isso será explicito no ano de 2012 no Festival. Reforçar o dialogo do mais novo e a inovação do passado é um reflexo natural da multiplicidade das artes.’ explica Batman Zavareze.

Selecionamos algumas das perguntas que sempre fazem ao Multiplicidade a respeito da longevidade do projeto, pensamentos acerca da curadoria, entre outras questões levantadas ao longo destes 8 anos de Festival.

***

Como surgiu o nome e a idéia do Multiplicidade?

Este nome Multiplicidade é autorreferencial, e eu sou um reflexo profissional e espiritual desta avalanche de informações. Eu amo a rabeca e a pick-up, a bossa nova e o break-beat, o lápis e a internet. É sério, venero de paixão toda essa multiplicidade.

A proposta vem ao encontro de um desejo pessoal artístico: abrir um espaço para unir imagem e música através da tecnologia. A ideia era propor uma plataforma cultural contemporânea com regularidade, para formar público e fomentar a produção de conteúdo digital, e isso vem acontecendo claramente com os nossos 7 anos de existência.

Já havia visto diferentes formatos de festivais na Europa — Sónar, Ars Electronica, Netmage, Transmediale, Mapping, etc.

O desafio, no Rio, seria formatar algo com originalidade. O Festival tem o compromisso de preencher um calendário de junho a dezembro, sempre na última quinta-feira do mês, com um repertório plural com muitos sotaques, nacionais e internacionais, sem classificações óbvias do universo eletrônico, construindo um encontro singular e inusitado entre imagem

O que você diria hoje, em 2012, ao observar o que o Multiplicidade fez lá em 2005? Qual sua visão sobre esse legado?

Natural. Eu me influenciei por vários Festivais, mas sentiria mediocre se não fizesse algo novo. Sabia que se fizesse um trabalho original, igualmente me tornaria uma referência para muita gente. De fato o Festival Multiplicidade ao longo dos ultimos 7 anos conquistou um espaço único, construindo uma plataforma de arte digital no estado do Rio de Janeiro e consequentemente um belo casamento com a história do 1º centro de arte e tecnologia do estado, o Oi Futuro.Para mim é fundamental buscar algo autoral e regular. Sem isso não há legado social e não tem a menor importância. Para isso acontecer tem que haver liberdade, risco, continuidade e pesquisa.O Festival Multiplicidade promove algo inegociável, uma especie de dogma: ele é intenso, pois gera impacto nos artistas, no público e nos realizadores culturais.
Você sai das performances amando ou odiando, é o preço de algumas novidades, mas nunca sai imune.

Pessoalmente, quais seus trabalhos favoritos destes oito anos de Multiplicidade?

Eu me interesso pelo TODO. Eu gosto dos fracassos mais que os que tiveram unanimidade. O Conjunto de riscos e acertos são o grande investimento artístico de uma plataforma cultural.
O que podemos esperar nos próximos anos do projeto, tanto em termos de curadoria como em conteúdo?

Inquietação cultural.
E onde você se inspira e de onde vêm as informações?

O processo criativo é o que me instiga e me inspira. Adoro escutar ideias e projetar algo que jamais foi realizado. É claro que assistir a espetáculos, viajar, conversar, debater, ruminar e mudar meus pensamentos me enriquecem.Nos últimos 5 anos, para ser mais preciso, o Festival Multiplicidade vem cumprindo uma itinerância regular mundo afora pelo menos duas vezes por ano, visitando festivais internacionais que são muito importantes na busca de parcerias com pesquisadores, artistas, universidades e também para convidar artistas a vir ao Rio.Ver festivais e projetos artísticos mais maduros nos ajuda a ir além, abre-nos a mente para provocar as produções nacionais. Nada se compara à experiência em si, mesmo que exista toda uma facilidade para acessar qualquer tipo de conteúdo na web. A minha maior obsessão é pelas experiências multissensoriais.

Multi_01_2012 – Abertura 8ª Temporada


Em setembro, o Festival Multiplicidade chega a sua oitava edição no Oi Futuro Flamengo, no Rio de Janeiro. Desde 2005, o festival ocupa o calendário cultural carioca com um programa regular de performances nacionais e internacionais audiovisuais que exploram as novas mídias. O conceito principal é unir num mesmo palco arte visual e sonoridade experimental em espetáculos multimídia, com curadoria de Batman Zavareze.

Abrindo a noite, o Rabotnik apresenta seu novo disco instrumental, Rabotnik #3, no pátio do Oi Futuro, aberto ao público. A banda, que  já coleciona uma boa base de fãs e acompanha Gal Costa em sua nova turnê, abre hoje

Como homenageado dessa edição está do trabalho do artista plástico Paulo Nenflídio e suas pesquisas musicais com instrumentos inusitados. Três de suas obras estarão presentes, sendo o Contrabaixo Eletromagnético, o Berimbau Eletrônico e o Vírus, uma máquina que produz música automática e aleatória baseada no som que um vírus real produz ao atacar uma célula. Além de ter sido indicado para o PIPA 2010,  Paulo foi agraciado com o prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça Artes Plásticas em 2011.

Interagindo e utilizando essas obras,  o projeto musical Vamos Estar Fazendo – composto pelos músicos Domenico Lancellotti e Pedro Sá – realiza três performances de meia hora no teatro a partir das 20h. O projeto utilizará as criações de Paulo Nenflídio em três apresentações de 30 minutos com senhas distribuidas no próprio centro cultural.

Já à noite, a partir das 21h, o músico, pesquisador e DJ Maurício Valladares comanda o encerramento com participações especiais e o lançamento do livro-catálogo do festival de 2011.

Horários:

Multi_01_2012 – Abertura 8ª Temporada

Dia 13 de Setembro de 2012

19h | Área Externa – Rabotnik

20h, 21h e 22h | Teatro – Paulo Nenflídio + Vamos Estar Fazendo

20h às 24h | Primeiro Andar – Maurício Valladares

Local:

Oi Futuro Flamengo – Rua 2 de Dezembro, 63

031 (21) 3131.3060