Retrospectiva Multiplicidade 2011: Matéria Obscura

Texto presente no livro-catálogo Multiplicidade 2011, a ser lançado no dia 13 de Setembro de 2012 no Oi Futuro Flamengo.

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Em sua segunda participação na Semana Especial do Festival Multiplicidade 2011, Thomas Köner apresentou com o artista visual alemão Jürgen Reble o premiado “Matéria Obscura”. Baseado na descoberta de que nosso universo é composto por matéria de cor escura e invisível, o espetáculo revelava as semelhanças abstratas entre o espaço sideral e o interior do corpo humano.

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Intrigando astrônomos desde sua descoberta, a matéria obscura (também conhecida como matéria escura ou negra) existe, mas é impossível de ser vista mesmo por telescópios ultrapotentes, sendo notada apenas através de raios ultravioletas ou de gravitação de outras matérias espaciais. Mesmo com telescópios de muitos recursos como o Hubble, apenas traços de sua existência são encontrados.

Jürgen, que se autointitula como um cineasta alquímico, utiliza imagens microscópicas de células e tecidos animais misturados a pigmentos químicos para simular essa matéria que não pode ser vista a olho nu. Esse material é capturado em filme de 16mm, de onde as cores vêm de produtos orgânicos sem qualquer manipulação digital.

Posteriormente, esse material é escaneado e, durante a performance, manipulado ao vivo pelo artista junto a imagens em alta resolução do espaço sideral cedidas pela NASA. Criando uma história desde a célula humana até imagens espaciais, um software amplia, reduz e mescla esses visuais de acordo com a vontade do artista.

Em mais 60 minutos de apresentação, Jürgen manipulou as imagens conforme a regência sonora imersiva e minimalista de Thomas Köner. A trilha do espetáculo simulava uma imensidão espacial, dando uma impressão de infinito, ao mesmo tempo em que as projeções dialogavam entre células e constelações.

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Entrevista com Thomas Köner

Aproveitando a passagem de Thomas Köner no Rio, Joca Vidal também o entrevistou na terça-feira, dia 29, sobre o espetáculo que aconteceria naquele dia. Abaixo o texto, com fotos de Dianas Sandes para o festival Multiplicidade.

É a sua primeira vez no Rio? O que sabe sobre o Brasil?

Esta é a minha segunda vez no Rio de Janeiro, mas estive em Recife onde fiz uma exibição de alguns de meus recentes trabalhos de audiovisual em abril deste ano. Acho o Brasil um país maravilhoso. Conheci no país muitas pessoas positivas e felizes, como em nenhum outro lugar do mundo. Estive também em outros países da America do Sul, como o Chile no ano passado, para uma exibição no Museo Nacional de Bellas Artes.

 

Quais as principais diferenças entre as duas apresentações que fará hoje (terça) e amanhã no Multiplicidade?

Vou apresentar dois shows diferentes, “O Manifesto Futurista” e “Materia Obscura”. “O Manifesto Futurista” descobre o presente momento visualizando o futuro e o passado. Utilizo partes do texto do Manifesto Futurista de Marinetti, de 1909, como base do concerto. Também uso imagens antes de 1909, que provavelmente inspiraram Marinetti nos cinemas. Estas imagens são meio que fantasmagóricas (risos). Haverá um piano na apresentação, música eletrônica tocada ao vivo e uma vocalista. “Materia Obscura” é uma performance ao vivo que eu faço em conjunto com Jurgen Reble. Ele trabalha com a química direta que resulta da emulsão do filme e mostraremos a beleza dos “shapes” que estão escondidos no material a nossa volta. Será uma imersão completa na profundidade do som e no colorido de imagens jamais vistas.

O que tem visto de interessante na cena audiovisual? O que te fascina neste tipo de apresentação?

Acho Carlos Casas o artista mais excitante e fascinante em torno de que está atualmente na cena a/v. Por sorte ele está no Rio e participando do Multiplicidade. O audiovisual, para mim, significa uma chance de abraçar mais de um sentido, no caso o visual e o auditivo. Assim, aumentamos a experiência e criamos um maravilhoso espaço onde o púlbico possa aproveitar bastante e passar muito tempo ali.

 

Você é um dos principais nomes na cena ambient e um dos precursores do dub techno, além de já ter remixado nomes como John Cage e Nine Inch Nails. Pretende lançar algo relacionado a música este ano?

Sim, nos próximos meses lançarei um CD novo e também vou re-lançar em vinil o trabalho “BIOKINETICS Porter Ricks”, de 1996.

Serviços das performances da Semana Especial Multiplicidade 2011

Como a semana do Festival Multiplicidade 2011 acontece em diversos dias e locais da cidade, surgiram diversas dúvidas sobre onde comprar e como seria para ir nos dias de espetáculos e sessões de cinema.

Apesar de grande parte acontecer no Oi Futuro Flamengo, teremos acontecimentos no Instituto Cervantes de Botafogo, no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e na praça Xavier de Brito, na Tijuca. Abaixo, fizemos um guia dos serviços das apresentações e das sessões de cinema do Festival.

>> Dia 24 de Novembro – Projeto Cavalo

Onde: Oi Futuro Flamengo, 19:30 (88 lugares).

Ingressos: R$15 (R$7,50 para estudantes).

Locais de Venda:

A partir de 21/11 em www.ingresso.com  (30% dos ingressos apenas)

A partir de 22/11 no Oi Futuro Flamengo

>> Dia 25 de Novembro – Exposição END

Onde: Instituto Cervantes de Botafogo, a partir de 18:00.

Ingressos: Entrada gratuita, sujeita a lotação.

>> Dia 26 de Novembro – END_Performance

Onde: Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), 20:00. (400 lugares)

Ingressos: Entrada gratuita. Senhas distribuidas no Oi Futuro Flamengo 30 minutos antes do espetáculo.

>> Dia 27 de Novembro – Projeto Cavalo na Praça Xavier de Brito

Onde: Praça Xavier de Brito, entre a Avenida Maracanã e Rua Dr. Octavio kelly. A partir de 12:00

Ingressos: Gratuito. Vans saindo do Oi Futuro Flamengo às 11:30 (sujeito à lotação)

>> Dia 29 de Novembro – O Manifesto Futurista

Onde: Oi Futuro Flamengo, 19:30 (88 lugares).

Ingressos: R$15 (R$7,50 para estudantes).

Locais de Venda:

A partir de 28/11 em www.ingresso.com  (30% dos ingressos apenas)

A partir de 29/11 no Oi Futuro Flamengo

>> Dia 30 de Novembro – Matéria Obscura

Onde: Oi Futuro Flamengo, 19:30 (88 lugares).

Ingressos: R$15 (R$7,50 meia-entrada).

Locais de Venda:

A partir de 28/11 em www.ingresso.com  (30% dos ingressos apenas)

A partir de 29/11 no Oi Futuro Flamengo

>> Dia 01 de Dezembro – Kynoramas Glauber Machine

Onde: Oi Futuro Flamengo, 19:30 (88 lugares).

Ingressos: R$15 (R$7,50 meia-entrada).

Locais de Venda:

A partir de 28/11 em www.ingresso.com  (30% dos ingressos apenas)

A partir de 29/11 no Oi Futuro Flamengo

Thomas Köner e Jürgen Rebler – Matéria Obscura

No dia seguinte, 30 de Novembro, Thomas Köner se junta ao seu parceiro de longa data, o também alemão Jürgen Reble, apresentando Matéria Obscura no tearto do Oi Futuro Flamengo.

Baseado na certeza de que nosso universo é composto por matéria de cor escura e imperceptível, a obra visual apresenta aproximadamente 25.000 scans de imagens de texturas celulares em alta resolução, expandidas e manipuladas conforme a regência do músico, simulando exatamente esse espaço desconhecido e instigante.

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Thomas Köner + Jürgen Rebler – Matéria Obscura

Data: Dia 29 de Novembro de 2011

Local: Oi Futuro do Flamengo – Rua Dois de Dezembro, 63.

Horário: 19h30

Entrada: R$15,00 (com meia-entrada – R$7,50)

Capacidade do local: 88 lugares

Censura: Livre

Thomas Köner e Ivana Neimarevic – O Manifesto Futurista

Na terça-feira, dia 29 de novembro de 2011, Thomas Köner e sua esposa, a pianista sérvia Ivana Neimarevic, apresentam-se no Oi Futuro Flamengo o trabalho Futurist Manifesto, executado pela primeira vez ao Rio de Janeiro.

A obra, com performance ao vivo dos dois artistas, reinterpreta o Manifesto Futurista escrito por Fellipo Tomaso Marinetti em 1909, colocando-se no lugar do poeta italiano e interrogando seu texto em tempos atuais, criando tanto um regresso ao futuro como um regresso do futuro, para discutir temas como velocidade e a informação de acordo com a proposta original.

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Thomas Köner + Ivana Neimarevic – O Manifesto Futurista

Data: Dia 29 de Novembro de 2011

Local: Oi Futuro do Flamengo – Rua Dois de Dezembro, 63.

Horário: 19h30

Entrada: R$15,00 (com meia-entrada – R$7,50)

Capacidade do local: 88 lugares

Censura: Livre

Perfil do artista Thomas Köner, atração sa semana especial Multiplicidade 2011

Thomas Köner é um artista multimídia alemão cujo trabalho se baseia em combinar experiências visuais e sonoras, criando performances audivisuais e contextuais. Ao longo de sua carreira, criou diversas instalações e ambientações sonoras minimalistas, chegando até à produção do gênero músical conhecido como dub techno.

Começou seus estudos ainda durante o curso de graduação em música eletrônica no CEM-Studio, em Arnhem, e no Conservatório de Música de Dortmund, posterioremente trabalhando como editor e engenheiro de som para cinema. A partir dessa experiência, Köner iniciou a produzir música por conta própria.

Posteriormente realizou o que seria a primeira de muitas colaborações junto ao cineasta experimental Jürgen Reble, a performance Alchemie (1992), seguindo como compositor de trilhas sonoras e música para filmes clássicos, inclusive apresentado esse trabalho no museu do Louvre e o Musée D’Orsay, ambos em Paris.

No ano de 2000, recebeu do Montreal International Festival New Cinema New Media o prêmio máximo na categoria de Novas Mídias. Em 2004, recebeu o “Golden Nica”, prêmio máximo de um dos mais importantes festivais de arte e tecnologia do mundo, o Ars Electronica, junto com o “Produktionspreis WDR / Deutscher Klangkunst-Preis”, dedicado aos maiores produtores de áudio da Alemanha.

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Sua instalação “Suburbs of the Void” recebeu o prêmio Transmediale em 2005, apresentada posteriormente na Bienal de Veneza do mesmo ano. Com o vídeo “Nuuk” recebeu o Tiger Cub Award de melhor curta no Festival de Rotterdam, lhe rendendo a oportunidade de criar cinco instalações permanentes pelo Museu Rimbaud em Charleville-Mezières, na França, e posteriormente para diversas outras galerias e museus.

Ao longo desses quase 20 anos de trabalhos dedicados ao audiovisual, o artista realizou performances em dezenas de países, incluindo passagens pelo Brasil (Recife/2010), Argentina, Chile, além de diversos países Europa e Ásia.

Semana Especial Festival Multiplicidade 2011

No mês de Novembro de 2011, o Festival Multiplicidade_Imagem_Som_inusitados assume pela primeira vez a dinâmica de uma semana especial. Nesse formato inédito, diversos artistas estarão envolvidos com seus trabalhos em diversos modos, como cinema, performances, intervenção, instalação e exposição distribuídos por diversos locais da cidade do Rio de Janeiro.

Abrindo a semana em uma quinta-feira, dia 24, o Oi Futuro Flamengo recebe a performance do Projeto CAVALO, formado por Cadu, Eduardo Berliner, Paulo Vivacqua, Felipe Norkus, Rodrigo Miravalles, Audrin Santiago, Adriano Motta, Antônio João e Rodrigo Bleque. Esse coletivo de novos artistas é conhecido por flertar em diversas áreas, como pintura, escultura, música, vídeo-arte, entre outras, e apresenta pela primeira vez esse trabalho que une teatro, performance e projeções.

No segundo dia, 25, o Instituto Cervantes abre as portas exposição END, do artista espanhol Carlos Casas. Ao longo de 10 anos, Carlos percorreu regiões inóspitas e solitárias e produziu a trilogia END sobre a solidão nos confins do mundo, como a Patagônia, o Mar do Aral e a Sibéria. Estarão expostas 10 fotos e uma video-instalação dessa obra. Esse dia ainda conta com um coquetel de abertura, a mostra do filme “Siberia – Hunters Since the Beginning of Time” (87 min/2010) e um bate papo envolvendo Carlos Casas, o documentarista Bebeto Abrantes e o crítico de cinema Carlos Alberto Mattos.

No dia 26, Carlos Casas se apresenta junto ao grupo experimental Chelpa Ferro no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), com uma instalação tríptica (3 telas) da sua obra END, com trilha sonora executada ao vivo.

No domingo dia 27, o Multiplicidade vai para a praça Xavier de Brito, no bairro da Tijuca, continuar com o Projeto CAVALO. Conhecida como praça dos cavalinhos, o local abriga diversas charretes que podem ser locadas pelo público. Estas receberão sensores eletrônicos que captarão os movimentos musculares dos cavalos e a movimentação das charretes para criar uma intervenção sonora a ser mesclada com o material produzido no dia 24.

Terça-feira dia 29 retornamos ao Oi Futuro Flamengo com a apresentação Manifesto Futurista, do alemão Thomas Köner e da pianista sérvia Ivana Neimarevic. Reinterpretando o poema homônimo do italiano Filippo Marinetti, a dupla cria uma performance audiovisual única, contestando o futuro através das previsões do passado.

Quarta-feira dia 30, Thomas novamente se apresenta no auditório Oi Futuro Flamengo com o também alemão Jürgen Reble, trazendo a performance Materia Obscura. Utilizando imagens em alta resolução de células e hemácias, os artistas  regem uma ópera sobre a matéria que existe no espaço e que não pode ser vista a olho nu.

Finalizando a semana, quinta-feira dia 1 de dezembro é dedicado a Glauber Rocha em homenagem aos seus 30 anos de falecimento. Neste dia o escritor e produtor Nelson Motta lança o livro Primavera do Dragão, sobre a juventudo do cineasta, realizando também um bate-papo e leitura de trechos. Logo após, o coletivo A_Factory, liderado por Pedro Paulo Rocha, filho de Glauber, realiza uma apresentação e uma releitura da obra do diretor chamada Kynoramas Glauber Machine. Finalizando a noite e a semana, o DJ Nado Leal comanda o coquetel de encerramento da sétima temporada do festival Multiplicidade_Imagem_Som_inusitados.

Além destas mais diversas performances, uma programação de cinema estará disponível ao público no Oi Futuro Flamengo durante todos os 7 dias. Serão diversos temas divididos em cinco programas, passando pela história do Multiplicidade, seus artistas, parceiros e influências do festival divididos entre o Teatro Oi Futuro e o Cubo, estrutura montada no primeiro andar do Centro Cultural.