Retrospectiva Multiplicidade 2011: Embolex – “Caixa-Prego”

Texto presente no livro-catálogo Multiplicidade 2011, a ser lançado no dia 13 de Setembro de 2012 no Oi Futuro Flamengo.

ImagemO Embolex é um coletivo audiovisual de São Paulo cujas performances se utilizam de processos colaborativos para recriar sons e imagens, manipulados digitalmente, com objetivo de expressar o que se denomina como cultura do remix e do sampling. Utilizando instrumentos acústicos, elétricos e digitais, e a palavra declamada, o grupo data sua fundação em 2001, sendo hoje formado por Fernão Ciampa, Pedro Angeli, Cristian Bueno, Sylvio Ekman e Erico Theobaldo.

Com a democratização do acesso a fonogramas através da internet, diversos DJs e produtores musicais passaram a explorar novos modos de produção e experimentação que, dentre tantos estilos, popularizaram a cultura do “mashup”. Essa linguagem de cortar-colar, notada já em gravações de Frank Zappa nos anos 70, caracteriza-se por dois ou mais elementos de músicas justapostos harmonicamente para recriação de uma nova canção. Essa cultura do remix para gerar um trabalho inédito é alvo de diversos debates, principalmente no que tange aos direitos autorais dos criadores, como mostra o documentário “Rip It! A Remix Manifesto”, uma cibercondição de existência

criativa para muitos.

Liderado pelo VJ Fernão Ciampa, o grupo realiza uma colagem com imagens de fotos, cartões-postais e vídeos de viagens coletadas entre amigos e anônimos, criando um verdadeiro mosaico que mistura diversos pontos do planeta, junto a uma trilha composta em camadas, no chamado globalguettotech.

A mixtape homônima, lançada em 2010, misturava músicas desde Martinho da Vila a The Rapture, ou de Paul McCartney a Caetano Veloso, entre tantos outros artistas, o que lhes rendeu reconhecimento de jornalistas especializados e serviu de base para a apresentação. Somente depois da existência do áudio criou-se um mashup cinematográfico, resultado final do espetáculo “Caixa- Prego”. Com isso, Ray Conniff orquestrava uma música do Michael Jackson, Paulinho da Viola cantava com Elis Regina e Vinicius de Moraes em canções diferentes, como um libertário exercício audiovisual.

ImagemAlém dos cinco integrantes do Embolex, “Caixa-Prego” contou com as participações especiais do MC Rodrigo Brandão (Mamelo SoundSystem, Ekundayo) e do baixista Dengue (Nação Zumbi), trazendo uma cadência musical mais pontuada.

O grupo apresentou uma viagem por diversos estilos musicais, tendo como base ritmos periféricos, como dub, reggae, reggaeton, cumbia, entre outros. Rodrigo, rapper e pesquisador de black music brasileira, costurava suas rimas improvisadas por dentro das melodias.

Uma projeção maior envolvia os sete integrantes do coletivo e, com uma segunda projeção mapeada, a mesa e os computadores portáteis recebiam uma pontual interferência videográfica, criando um novo volume como anteparo. As edições de imagens, assim como os DJs utilizam na música, passavam por “scratchs” sincronizados com o som.

Embolex no Multiplicidade

Desde o surgimento da música em formato digital, o acesso e democratização de fonogramas tornou-se extremamente mais fácil, o que fez com que diversos DJs e produtores musicais passassem a explorar novos modos de produção e experimentação. Nessa última década, diversos estilos que outrora eram segmentados a nichos por conta da falta de espaço físico de venda de CDs e LPs puderam chegar de forma alternativa e para uma gama maior de pessoas.

Com isso, um dos movimentos que mais ganhou força nos últimos anos foi o do mashup, onde dois ou mais elementos de músicas distintas são misturadas harmonicamente para criar uma nova canção. Essa cultura do remix para gerar um trabalho inédito é alvo de diversos debates, principalmente no que tange os direitos autorais dos criadores, como é o caso do documentário Rip It! A Remix Manifesto.

Utilizando essa linha, o Embolex é um coletivo de VJs e músicos de São Paulo que realiza uma pesquisa extremamente complexa e importante no audiovisual, principalmente por se manterem no centro da discussão que permeia a produção criativa hoje sobre propriedade intelectual e a cultura do remix, como é o trabalho de artistas como o Girl Talk e João Brasil.

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Esse  último trabalho, o Caixa-Prego, é composto por mashups de diversos artistas como Martinho da Vila, Paul McCartney, Lucas Santanna, Jorge Ben, Chico Correa, Paulinho da Viola, entre tantos outros, onde as músicas se completam e criam uma obra consistente, tanto na parte fonográfica como os grafismos também mixados ao vivo pelos VJs do do grupo.

Durante aproximadamente 50 minutos, o grupo apresentou um passeio por diversos estilos musicais, tendo como base o que se chama de  ghettotech, ou seja, diversos ritmos periféricos como o dub, o reggae, reggaeton, cumbia, entre outros.

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Essa apresentação multimídia contou ainda com o MC Rodrigo Brandão, do coletivo paulista Mamelo Soundsytem, e com o baixista Dengue, da Nação Zumbi.

E hoje, 27 de Outubro, Multiplicidade e Embolex no jornal O Globo

Embolex e Multiplicidade no Segundo Caderno

Mais uma vez, o Multiplicidade recebe um grande destaque no jornal O Globo, vindo do jornalista Carlos Albuquerque do Rio Fanzine.

Citando a importância do espetáculo de hoje, a matéria exemplifica bem do que se trata o coletivo Embolex e a cultura do sampling/remix, ressaltando novamente a importância do festival Multiplicidade no cenário audiovisual brasileiro.

Multi_05_2011 – Embolex – Caixa Prego

Surgido em meados de 2001, o Embolex é um coletivo de São Paulo cujas performances utilizam processos colaborativos para criar novos sons e imagens manipulados digitalmente. O objetivo é expressar o que se denomina como cultura do remix e do sampling, onde, além de vozes, estão presentes também instrumentos acústicos, eletricos e digitais.

Apresentando pela primeira vez no Rio de Janeiro o trabalho Caixa Prego, o grupo realiza uma colagem com imagens de fotos, cartões postais e vídeos de viagens coletadas entre amigos e anônimos, criando um verdadeiro mosaico que mistrura diversos pontos do planeta, junto à uma trilha composta por mashups no melhor estilo guettotech.

Qualquer material cedido vira matéria prima para recorte e colagem audiovisual, onde os membros do coletivo costuram músicas e imagens, criando um mosaico colaborativo. Misturando estilos musicais, elementos culturais e outras particularidades globais, cria-se um verdadeiro mashup audiovisual, utilizando também trechos de filmes, documentários e vídeos disponíveis na internet.

Com mixtape do Caixa Prego lançada em 2010, com músicas de Martinho da Vila, Mr. Oizo, The Rapture, Paul McCartney, Chico Correa, Lucas Santanna, entre tantos outros artistas remixados e costurados, o Embolex recebeu diversas críticas favoráveis, tanto em meios especializados nacionais e internacionais.

O coletivo acumula apresentações em diversos locais, desde festivais e centros de arte, como o SESC em São Paulo e Belo Horizonte, Tate Gallery em Londres (Reino Unido), até locais inusitados como a favela Jardim Leme (São Paulo).

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Além dos cinco integrantes do Embolex, o Caixa Prego conta ainda com as participações do MC Rodrigo Brandão (Mamelo SoundSystem) e Dengue (Nação Zumbi) para essa apresentação. 

Site oficial: www.embolex.com.br