Retrospectiva Multiplicidade 2011: Kynoramas Glauber Machine

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No ano em que foram lembrados os 30 anos de ausência do cineasta Glauber Rocha, a Semana Especial do Festival Multiplicidade 2011 dedicou seu último dia para celebrar a vida e a obra desse diretor que sempre buscou criar uma linguagem audiovisual libertária e autoral genuinamente brasileira, contribuindo para a criação do movimento conhecido como Cinema Novo.

Glauber foi responsável por um novo pensamento no cinema brasileiro, com o qual buscava romper com os padrões impostos pela indústria cinematográfica norte-americana e gerar uma identidade própria. Aproximando-se mais do cinema cubano, esse movimento buscava retratar com mais realidade a vida e costumes do povo brasileiro.

Sua vida quase ficcional rendeu uma biografia escrita por Nelson Motta, amigo pessoal que se propôs a escrever sobre esse personagem único e tão importante do universo artístico brasileiro. O livro, “A Primavera do Dragão”, conta a formação do mito Glauber desde sua infância até seus 25 anos de idade, quando lançou o filme “Deus e o Diabo Na Terra do Sol” e foi aclamado pela crítica no Festival de Cannes em 1964.

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Com a presença dos filhos Pedro Paulo e Ava Rocha, além do curador do Multiplicidade, Batman Zavareze, Nelson Motta debateu sobre a realização do livro e detalhes sobre a vida de Glauber, desde quando se conheceram até as vezes em que se encontravam no Rio e frequentavam rodas de amigos em comum, como o diretor Nelson Pereira dos Santos.

Em seguida, o A_Factory Tranzmídias apresentou “Kynoramas Glauber Machine”, espetáculo que remixa ao vivo trechos de filmes do Glauber. O coletivo, formado por Pedro Paulo Rocha, Fernando Falcoski e Caleb Luporini, surgiu em 2010 a partir de encontros de artistas de diferentes áreas que experimentavam processos híbridos nas artes, utilizando-se de diversas linguagens, meios e tecnologias. Os integrantes do grupo fazem um crossover de cinema, música, poesia, artes plásticas, performance e teatro.

Ao longo de aproximadamente 45 minutos, trechos de filmes como “Barravento” (1962), “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964) e “Terra em Transe” (1967) e do programa de televisão “Abertura” (em meados dos anos 70), verdadeiros clássicos de Glauber, eram remixados e formavam uma narrativa não linear. A trilha sonora original também recebia essa roupagem de recorte e colagem, com alterações e somas de intervenções eletrônicas ao vivo feitas pelo coletivo.

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Pedro Paulo citou ainda no debate que “Kynoramas Glauber Machine” é uma sequência dos projetos de seu pai, que dialogava com o transcinema e buscava novos formatos de exibição e performance. Segundo ele, Glauber buscava locais pelo interior do Nordeste para criar novos espaços e formas de exibição, rompendo com o cinema tradicional.

Terminando a noite, o DJ Nado Leal, apresentando-se no térreo do Oi Futuro, encerrou a temporada de 2011 do Festival Multiplicidade, que contou com dez espetáculos audiovisuais inéditos no Rio de Janeiro, além de sessões de cinema, uma exposição fotográfica, debates, videoinstalações e intervenções urbanas em seu sétimo ano consecutivo no calendário da cidade.

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Fechando o Festival Multiplicidade 2011: Kynoramas Glauber Machine

Banner_Dia07No ano em que Glauber Rocha completa 30 anos de falecimento, o festival Multiplicidade dedica uma noite inteira a homenagear o cineasta e pensador por seu papel como um dos mais importantes artistas brasileiros do último século.

Glauber foi responsável por um novo pensamento no cinema, o cinema novo, onde buscava romper com os padrões impostos pela indústria cinematográfica norte-americana e criar uma linguagem e identidades genuinamente nacionais. A partir de então, criou filmes como Barravento (1962), Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e Terra em Transe (1967), considerados clássicos absolutos na videografia brasileira.

Dialogando com a temática do festival Multiplicidade que flerta com o cinema nesta semana especial, este dia promove um mergulho na obra do cineasta em três momentos: lançamento de sua biografia, conversa com o escritor Nelson Motta e um remix audiovisual de sua obra.

Abrindo a noite, o biógrafo Nelson Motta lança Primavera do Dragão, seu último livro em que acompanha a trajetória da juventude do autor, desde seu nascimento em Vitória da Conquista, no interior da Bahia, até antes do estouro de Deus e o Diabo na Terra do Sol. Seguindo, um bate-papo com o autor dá sequência a discussões sobre esses primeiros anos de Glauber.

Logo após o coletivo A_Factory liderado por Pedro Paulo Rocha, filho de Glauber, realiza a performance Kynoramas Glauber Machine, remixando ao vivo trechos de filmes do diretor. O coletivo surgiu em 2010 a partir de encontros de artistas de diferentes áreas, que experimentavam processos híbridos nas artes, utilizando-se de diversas linguagens, meios e tecnologias, onde os integrantes do grupo fazem um crossover de cinema, música, poesia, artes plásticas, teatro.

Finalizando a data e também essa semana especial, o DJ Nado Leal comanda o coquetel de encerramento da sétima temporada do festival Multiplicidade_Imagem_Som_inusitados no ano de 2011.

Horários

19:30 – Lançamento do livro A Primavera do Dragão, de Nelson Motta, biografia de Glauber Rocha, e conversa com o autor.

20:30 Kynorama Glauber Machine, releitura da obra do diretor Glauber Rocha pelo coletivo formado pelo seu filho Pedro Paulo Rocha junto com Fernando Falcoski e Caleb Mascarenhas.

21:00 – Coquetel de encerramento do Multiplicidade 2011 com DJ Nado Leal.

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Kynoramas Glauber Machine

Data: Dia 01 de Dezembro de 2011

Local: Oi Futuro do Flamengo – Rua Dois de Dezembro, 63.

Horário: 19h30

Entrada: R$15,00 (com meia-entrada – R$7,50)

Capacidade do local: 88 lugares

Censura: Livre

Semana Especial Festival Multiplicidade 2011

No mês de Novembro de 2011, o Festival Multiplicidade_Imagem_Som_inusitados assume pela primeira vez a dinâmica de uma semana especial. Nesse formato inédito, diversos artistas estarão envolvidos com seus trabalhos em diversos modos, como cinema, performances, intervenção, instalação e exposição distribuídos por diversos locais da cidade do Rio de Janeiro.

Abrindo a semana em uma quinta-feira, dia 24, o Oi Futuro Flamengo recebe a performance do Projeto CAVALO, formado por Cadu, Eduardo Berliner, Paulo Vivacqua, Felipe Norkus, Rodrigo Miravalles, Audrin Santiago, Adriano Motta, Antônio João e Rodrigo Bleque. Esse coletivo de novos artistas é conhecido por flertar em diversas áreas, como pintura, escultura, música, vídeo-arte, entre outras, e apresenta pela primeira vez esse trabalho que une teatro, performance e projeções.

No segundo dia, 25, o Instituto Cervantes abre as portas exposição END, do artista espanhol Carlos Casas. Ao longo de 10 anos, Carlos percorreu regiões inóspitas e solitárias e produziu a trilogia END sobre a solidão nos confins do mundo, como a Patagônia, o Mar do Aral e a Sibéria. Estarão expostas 10 fotos e uma video-instalação dessa obra. Esse dia ainda conta com um coquetel de abertura, a mostra do filme “Siberia – Hunters Since the Beginning of Time” (87 min/2010) e um bate papo envolvendo Carlos Casas, o documentarista Bebeto Abrantes e o crítico de cinema Carlos Alberto Mattos.

No dia 26, Carlos Casas se apresenta junto ao grupo experimental Chelpa Ferro no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), com uma instalação tríptica (3 telas) da sua obra END, com trilha sonora executada ao vivo.

No domingo dia 27, o Multiplicidade vai para a praça Xavier de Brito, no bairro da Tijuca, continuar com o Projeto CAVALO. Conhecida como praça dos cavalinhos, o local abriga diversas charretes que podem ser locadas pelo público. Estas receberão sensores eletrônicos que captarão os movimentos musculares dos cavalos e a movimentação das charretes para criar uma intervenção sonora a ser mesclada com o material produzido no dia 24.

Terça-feira dia 29 retornamos ao Oi Futuro Flamengo com a apresentação Manifesto Futurista, do alemão Thomas Köner e da pianista sérvia Ivana Neimarevic. Reinterpretando o poema homônimo do italiano Filippo Marinetti, a dupla cria uma performance audiovisual única, contestando o futuro através das previsões do passado.

Quarta-feira dia 30, Thomas novamente se apresenta no auditório Oi Futuro Flamengo com o também alemão Jürgen Reble, trazendo a performance Materia Obscura. Utilizando imagens em alta resolução de células e hemácias, os artistas  regem uma ópera sobre a matéria que existe no espaço e que não pode ser vista a olho nu.

Finalizando a semana, quinta-feira dia 1 de dezembro é dedicado a Glauber Rocha em homenagem aos seus 30 anos de falecimento. Neste dia o escritor e produtor Nelson Motta lança o livro Primavera do Dragão, sobre a juventudo do cineasta, realizando também um bate-papo e leitura de trechos. Logo após, o coletivo A_Factory, liderado por Pedro Paulo Rocha, filho de Glauber, realiza uma apresentação e uma releitura da obra do diretor chamada Kynoramas Glauber Machine. Finalizando a noite e a semana, o DJ Nado Leal comanda o coquetel de encerramento da sétima temporada do festival Multiplicidade_Imagem_Som_inusitados.

Além destas mais diversas performances, uma programação de cinema estará disponível ao público no Oi Futuro Flamengo durante todos os 7 dias. Serão diversos temas divididos em cinco programas, passando pela história do Multiplicidade, seus artistas, parceiros e influências do festival divididos entre o Teatro Oi Futuro e o Cubo, estrutura montada no primeiro andar do Centro Cultural.