Retrospectiva Multiplicidade 2011: Lise + L_ar – “Reações Visuais”

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Texto presente no livro-catálogo do Multiplicidade 2011, a ser lançado no dia 13 de Setembro de 2012 no Oi Futuro Flamengo.

Lise + L_ar é uma dupla de artistas audiovisuais de Belo Horizonte formada pelo arquiteto e artista visual Leandro Araújo e pelo músico Daniel Nunes. Leandro teve trabalhos premiados na categoria Arte Digital (Prêmio Bravo! 2010) e na categoria Arte Cibernética (Rumos — Itaú Cultural). Daniel Nunes tem um trabalho musical bem autoral, misturando uma base instrumental com uma onda transcendental para criação de seus timbres sonoros. Seus projetos musicais, Constantina (sua banda com outros sete integrantes) e Lise foram indicados em 2011 como um dos cem melhores discos do Brasil, pela revista on-line Rock in Press.

ImagemO foco conceitual dos dois é realizar performances a partir de áudio captados em diversos locais públicos, manipulados digitalmente junto a projeções sincronizadas que reagem a essas amplitudes sonoras.

Reações Visuais tem como base o conceito de paisagens sonoras e foi desenvolvido pelo compositor e acadêmico canadense Raymond Murray Schafer, que define que sons ou suas combinações transcrevem a ecologia acústica de um local.

Áudios, tanto de fontes naturais (como o vento ou pássaros) como de intervenções humanas (buzinas de carros, falas ou o caminhar das pessoas), formam uma ambientação rica de informação e matéria-prima na composição das peças de Lise + L_ar.

A apresentação teve seu início na rua, onde Lise utilizava o software Skype num smartphone com acesso à internet para capturar e enviar sinais sonoros direto da praça anexa ao centro cultural Oi Futuro até o teatro. Esses sons, barulhos e ruídos interagiam com as projeções dentro do teatro, através de imagens controladas por L_ar, criando um prelúdio da peça audiovisual que estaria por vir.

ImagemA obra, dividida em quatro momentos, apresentou diversas cidades do Brasil pré-mapeadas pela dupla, que receberam um tratamento musical ao vivo composto por uma bateria e um vibrafone, além de programações eletrônicas, com duração de aproximadamente 50 minutos. Nos atos seguintes, os artistas replicaram diversas partes de Belo Horizonte, sua cidade natal, como a Rua Guaicurus, o Parque Municipal e a Praça Sete de Setembro; além do centro da cidade de São Luís, no Maranhão.

Na parte visual, Leandro concebeu como cenário uma projeção principal em um ciclorama simetricamente rebatido num espelho d’água instalado dentro do teatro. As imagens, com um forte apelo tecnológico pela sua estética muitas vezes holográfica, criavam nessa dupla exposição uma imersiva ilusão de profundidades.

Após o espetáculo, aconteceu o lançamento do livro “O Fator VDM”, de Luis Marcelo Mendes, dedicado a profissionais e clientes de diversas áreas que lidam com o ambiente criativo.

Retrospectiva Multiplicidade 2011: Scanner – “Borders, Unto the Edge″

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Texto presente no livro-catálogo do Multiplicidade 2011, a ser lançado no dia 13 de Setembro de 2012 no Oi Futuro Flamengo.

O músico e produtor inglês Robin Rimbaud, conhecido como Scanner, iniciou sua carreira no ano de 1992, com um trabalho que se utiliza de sons, espaço e imagens de modos completamente não convencionais. Essa pesquisa musical começou com linhas cruzadas e conversas de anônimos ao telefone, que posteriormente o levou ao projeto “sons da metrópole moderna”, uma tradução artística das influências auditivas presentes nas cidades. Seu trabalho, referência nos palcos de festivais de música eletrônica, também traz experiências com o cinema, como criaçãode trilhas sonoras ao vivo para filmes de Alain Resnais e Hitchcock.

ImagemScanner é um dos artistas atuais mais respeitados da cena eletrônica, admirado por artistas como Björk, Aphex Twin e Karlheinz Stockhausen. Vencedor de diversos prêmios de arte, música e tecnologia, seu trabalho hoje se encontra no Science Museum London (Sound Curtains), no The Darwin Centre at the Natural History Museum London e no Northern Neuro Disability Services Centre em Newcastle UK (Turning Light), além de colaborações com artistas contemporâneos como Laurie Anderson e Radiohead.

Também professor e artista residente da escola francesa de artes visuais Le Fresnoy, Scanner veio ao Rio de Janeiro para participar de exposição criada no Museu da Maré, em Bonsucesso, periferia da cidade, com uma instalação inédita chamada “Falling Foward”, além de ministrar uma palestra no Oi Futuro Ipanema (tema: Cidade-Dispositivo) e uma performance no Oi Futuro Flamengo. O Le Fresnoy é um centro de experimentação de imagem e som, onde alunos do mundo todo estudam sem professores permanentes, com artistas e teóricos convidados que orientam seus trabalhos, além de produzir junto a eles, durante a residência na escola.

A performance “Borders, Unto the Edge” trouxe o mais recente trabalho do artista, que circulava por combinações harmônicas livremente abertas. Ao som de sinfonias e até sons urbanos, Scanner mixou ritmos eletrônicos com vozes pré-gravadas e outros samplers mais orgânicos, amparado por uma projeção contemplativa em que uma paleta de cores se modificava conforme a alteração das ondas musicais.

Scanner criou uma espécie de hipnose sonora, com bases pré-programadas adicionadas aos efeitos controlados ao vivo. Do palco, o músico criou, manipulou e editou seu som, numa espacialidade imersiva.

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