A hipnotizante instalação ‘Mulher sem bandolim’, de Fabiano Mixo, celebra e confronta a obra centenária de Pablo Picasso

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Fotos: Elisa Mendes

Imponente por natureza, a figura da atriz alemã Miriam Goldschmidt (1947-2017) se agiganta digitalmente na tela, hipnotizando o observador de “Mulher sem bandolim”, premiado filme do artista multimídia e cineasta Fabiano Mixo. Apresentado como instalação no Multiplicidade durante a semana passada, em frente a um enorme colchão cheio de almofadas, o trabalho celebra e confronta uma obra produzida há mais de um século, “Menina com bandolim” (1910), de Pablo Picasso.

Definido pelo autor como um filme cubista, “Mulher sem bandolim” mostra como as formas geométricas e a fragmentação da imagem, características desse movimento, se adaptam muito bem à arte digital e às realidades virtuais abertas por ela. “Confronto o contexto europeu do original com influências africanas e com o vigor da cultura negra. É sobre a reapropriação do que foi apropriado”, explica Mixo.

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Pátio de experimentações do festival, o colorido Multi_Lab fez um barulho todo particular

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Fotos: Elisa Mendes, Juliana Chalita e Batman Zavareze

Nascido dentro do colorido Muti_Lab, o QUEPORRAÉESSA?!!! foi batizado quando uma criança curiosa olhou para dentro da instalação translúcida, repleta de artistas, criações e produções colaborativas, localizada no térreo do Oi Futuro Flamengo, e disparou essa pergunta/exclamação.

– Como era meu filho, Luca Zava, eu disse imediatamente que palavrão não vale num centro cultural, somente no “Maraca” – explica Batman Zavareze. – Luca replicou, automaticamente, falando que tudo junto é uma expressão de um youtuber. E, segundo ele, aquilo era poesia.

Assim, ao longo de três semanas, o QPEE foi como se Multiplicidade abrisse o seu código e se revelasse um pouco por dentro.

– Foi uma tentativa de criar uma camada de conteúdos que ultrapassasse o palco.  Foi nossa válvula de escape, nosso pátio de experimentações, o X-TUDO do Multi_Lab -– completa Batman.

No local, aconteceram atividades variadas, como debates sobre arte digital – reunindo nomes como Alex Augier (França), Jéssica Roude(Argentina), Clelio de Paula, Dimitre Lima e Giuliano Obici – e também palestras – como a fascinante apresentação de Ferdinand Saumarez (Inglaterra), da Factum Foundation, sobre técnicas de digitalização de áreas culturais ameaçadas. O espaço sediou também uma mesa-redonda sobre “prática cultural em tempos de distopia”, mediada por Marta Porto e com participações de Mariana Várzea, Jair de Souza, Renato Saraiva, Batman, Luciana Modé e Lena Cunha (as duas últimas em vídeo-conferência).

O QPEE teve também uma encantadora aula de karib, o idioma dos Kuikuro, dada por Yamalui Kuikuro, um dos nove integrantes daquela comunidade que estiveram no Rio para participar do festival. E, por fim, como o assunto é barulho, rolaram ali férteis sessões de improvisos musicais, com Marcelo Magdaleno,  Luizinho Salles e Ken Kondo (Japão) e o grupo VOIA.

– Isso tudo foi fundamental para mostrar a nossa abrangência – resume Batman.

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