Fechando o ano: Novi_sad – ‘Sirens’

sad

 

Depois da ocupação da Escola de Artes Visuais do Parque Lage nos dias 06/ 07/ 08 de dezembro, o Festival Multiplicidade encerra sua nona temporada de volta ao teatro do Oi Futuro Flamengo, com a apresentação do artista Novi_sad, alter-ego de Thanasis Kaproulias.

Influenciado pelos pioneiros da produção sonora, Novi_sad começou a trabalhar com som no ano de 2005, sem qualquer tipo de estudo ou formação acadêmica específicos na área. Sua pesquisa musical está principalmente ligada aos gêneros noise e drone.

Através da amplificação de gravações ambientais e suas manipulações através de texturas, Novi_sad começou a explorar a música ambiente de forma não-estruturada, com alteração de microtons e subversão de melodias.

‘Sirens’ é uma performance audiovisual complexa, baseada nos seres mitológicos gregos chamados de Sirenas. Conta-se que, através de seus cantos, essas figuras seduziam marinheiros que guiavam seus barcos em sua direção e se chocavam contra as rochas, onde morriam ou acabavam se tornando escravos.

A partir dessa lenda, Novi_sad traçou um paralelo entre essa sedução com o dinheiro e a humanidade.

Através de estudo de números vindos de macro-cenários, o artista transformou em fórmulas matemáticas o resultado de diversos eventos sismícos que ocorreram simultaneamente as quebras das  de Valores no mundo (como um tremor catastrófico na Índia ao mesmo tempo da quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929).

Esse material foi cedido por diversas instituições de registro e observação de fenômenos naturais, como a NASA. A seguir, ele os aplicou como modificadores sonoros por cima de um material pré-gravado por cinco músicos e seus instrumentos:

» Richard Chartier | EUA [www.3particles.com]
» CM von Hausswolff | Suécia [www.cmvonhausswolff.net]
» Jacob Kirkegaard | Dinamarca [www.fonik.dk]
» Helge Sten | Noruega [Deathprod, Supersilent]
» Rebecca Foon | Canadá [Rebecca Foon, A silver mt Zion, Set fire to flames]

O resultado é uma peça audiovisual de 40 minutos, cuja parte visual é criação do video-artista japonês Ryochi Kurokawa, atração do Festival Multiplicidade em 2012 com a peça ‘Rheo’.

‘Sirens’ dialoga com a subversão humana através do dinheiro e seu futuro de colisão em cenários catastróficos, principalmente por conta do apetite voraz e da ganância de Wall Street.

Novi_sad toma para si a frase do economista americano John Kenneth Galbraith (1908-2006) para ilustrar seu pensamento a respeito do tema:

“Wall Street, in these matters, is like a lovely and accomplished woman who must wear black cotton stockings, heavy woollen underwear, and parade her knowledge as a cook because, unhappily, her supreme accomplishment is as a harlot.”

No dia 17 de Dezembro, Novi_sad realiza uma palestra no Oi Futuro Flamengo a respeito de seu trabalho, metodologia e processo criativo, com entrada totalmente gratuita. Dia 19 ele apresenta a peça no mesmo local, com ingressos no valor de R$ 20 (R$ 10 – estudante).

E, encerrando o ano do Festival Multiplicidade, o DJ Guerrinha (40% Foda/Maneiríssimo) toca na festa de encerramento no térreo do centro cultural, totalmente gratuito.

>>>>>> Serviço

Multi_05_2013 – Novi_sad – Sirens

17 de dezembro 2013 – NOVI_SAD [GRE] – Palestra/ workshop
19H – 20H30 / Teatro 7º Piso
Gratuito – 80 vagas (inscrição em info@multiplicidade.com)
 
18 de dezembro 2013 – Discussão: Diálogos Urgentes – Realizadores culturais convidados
18H – 20H / Bistrô 8º Piso
Gratuito – Aberto ao público, sujeito à lotação da casa.
 

19 de dezembro 2013 – NOVI_SAD [GRE] – Performance: SIRENS

20H – 21H / Teatro 7º Piso
72 lugares – R$20/ R$10  (estudante)
vendas a partir de terça-feira (dia 17 de Dezembro) no Oi Futuro Flamengo ou no site Ingresso Rápido.
Festa de encerramento com DJ Guerrinha (40% Foda/Maneiríssimo)
21H-23H / Térreo
Gratuito
>>> Oi Futuro Flamengo
Rua Dois de Dezembro, 63 – RJ
 +55 (21) 3131-3060

Impressões de Ryoichi Kurokawa e DJ Filipe Mustache

Ryoichi Kurokawa – Imagens, Música e edição ao vivo

DJ Filipe Mustache (FORNO) – DJ Set de encerramento

Dia 27 de setembro foi dia da segunda edição do Multiplicidade de 2012, apresentando pela primeira vez o japonês Ryoichi Kurokawa no Rio de Janeiro com a sua performance Rheo, uma espécie de performance-cinematográfica tendo como tema a passagem do tempo e sua ação sobre paisagens e a vida em geral.

Vencedora de diversos prêmios internacionais, essa performance de Kurokawa utiliza uma estrutura de três telas com proporções de 9:16 (formato widescreen  só que em pé) para criar essa narrativa acompanhada de uma trilha sonora abstrata e minimalista sem nenhuma batida pré-concebida e totalmente manipulada pelo artista ao vivo, como uma espécie de Phillip Glass menos etéreo, utilizando glitches sonoros eletrônicos em diversas camadas.

Rheo iniciou com silêncio absoluto e com suas três telas sem projeção, dando sequência sons de queda d’água, pássaros e de um rio capturados in loco pelo próprio artista, formando uma verdadeira paisagem audiovisual. Cada tela apresentava um elemento distinto, com suas camadas de áudio isoladas e sobrepostas.

De modo quase abrupto, essas paisagens se transformavam em outros elementos visuais gráficos manipulados digitalmente pelo artista. Imagens de montanhas, vulcões e diversas paisagens abertas sofriam essa interferência pré-programada executada ao vivo, e reagiam de forma completamente orgânica com a música regida por Kurokawa, ora de forma lenta e ora com um time-lapse de horas de captura reduzidos a poucos segundos de exibição.

A justaposição de imagem e som criava a narrativa da peça, onde estes elementos referenciavam espaço e tempo para gerar propositalmente um emaranhado de informações simultâneas e sobrepostas. As próprias amplitudes das ondas sonoras aplicavam movimentos às imagens e, consequentemente, geravam novos elementos visuais.

Ryoichi visitou ao longo de 45 minutos locais naturalmente bucólicos e interessantes. O próprio artista dotado de uma câmera full hd em mãos foi responsável por capturar essas imagens, como cachoeiras e rios do interior do Japão e as montanhas de formação vulcânicas do norte da Islândia, terminando com uma imagem estática nas três telas do horizonte da cidade de São Paulo.

Rheo pode ser observada como uma narrativa que remete ao clássico do cinema experimental Koyaanisqatsi* (dirigido por Godfrey Reggio e com trilha sonora do prórpio Phillip Glass), em uma espécie de atualização em formato de performance para novos tempos. A idéia central é de que estamos em constante mudança em uma avalanche de informação, sons, texturas orquestradas pelas mãos do tempo.

Após duas apresentações de Rheo, o DJ Filipe Mustache (FORNO) comandou sua festinha no primeiro nível do Centro Cultural Oi Futuro, comemorando também seu aniversário. De modo super confortável e harmônico, as mais de 200 pessoas presentes acompanharam um set que ia do disco funk ao house, mixados especialmente para a ocasião.

* Agradecimentos especiais ao Chico Dub pela referência.

Uma idéia com o DJ Filipe Mustache (FORNO)

Depois da apresentação de Ryoichi Kurokawa, o DJ Filipe Mustache (FORNO) comanda a festa de encerramento da segunda edição do Festival Multiplicidade no Oi Futuro Flamengo,  com um panorama da música eletrônica contemporânea passando por estilos como disco-funk, deep house, acid, miami bass e indie, entre outros. 

Pedimos ao Filipe que nos desse um pequeno depoimento sobre nós e falasse um pouco sobre seu set no dia 27 de Setembro que, inclusive, comemora seu aniversário discotecando pra nós!

Já fui a vários Multiplicidades. Na minha opinião, um evento incrível e de grande relevância para a cena cultural carioca. Multiplicidade foge do óbvio, provoca, inspira, apresenta e representa. Lá conheci o Rabotnik, ouvi Peter Greenway, prestigiei amigos como o João Brasil, Breno Pineschi, e tive a honra de produzir e participar de uma das festas mais divertidas da minha vida e da história da CALZONE, a edição – CHEGA AÊ QUE MEUS PAIS VIAJARAM, onde transformamos o teatro do OI FUTURO em um enorme apartamento, com direito a cozinha, varanda e até uma piscina. 7 DJ’s, cada um com com seu CDJ, tocando em sequência contínua e 3 VJ’s. Foi épico.

Para a edição do dia 27 de setembro, meu aniversário, estou preparando uma seleção musical celebrativa e diversificada, com muito groove, peso, swing e balanço, para ninguém ficar parado. Só não vou tocar “parabéns da Xuxa”. Abs!

Filipe ainda tem um site  (http://www.mustacheland.com/mixtapes) com várias mixtapes produzidas por ele mesmo (com capa e tudo!) que vale muito a pena fazer o download e conferir!

Seu DJ set começa a partir das 21:00 no primeiro nível do Oi Futuro Flamengo até o fim da noite, junto com um coquetel de encerramento totalmente gratuito!