Primeiras fotos do Multi_02_13

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Primeiras fotos da segunda apresentação do Festival Multiplicidade de 2013, com o trabalho “Mindscapes” do artista uruguaio Fernando Velazquez e DJ set do belga Geoffrey MUGWUMP.

Créditos:
Diana Sandes_Festival Multiplicidade
Marcio Leitão_Festival Multiplicidade
Rodrigo Torres_Festival Multiplicidade

Entrevista com Carlos Casas

Para filmar a trilogia END, Carlos Casas levou dez anos, envolto em diversas dificuldades, desde o frio até a escassez de alimento. Em novembro, no dia 27, Carlos apresentou-se com o Chelpa Ferro no Instituto dos Arquitetos do Brasil  pela primeira vez esses três filmes como performance.

Joca Vidal, DJ e Jornalista do Rio de Janeiro, entrevistou o artista por email e conversou um pouco sobre esse processo difícil que envolveu uma década de esforço e determinação. Junto, algumas fotos tiradas por Diana Sandes e Rodrigo Torres.

Como foi seu processo de pesquisa e quanto tempo foi necessário para a escolha dos locais de filmagem?

Desde que tive a ideia de filmar, cada projeto levou um longo tempo de pesquisa. Patagônia entre 1999 e 2002, com dois períodos de filmagem; Aral entre 2002 e 2003, um período; e Siberia, entre 2005 e 2009, também com dois períodos de filmagem.

A mais longa e a mais difícil foi o projeto Siberia por causa das permissões e do difícil acesso. Fiquei em Moscou durante um mês fazendo reuniões e contato com as pessoas. Obter permissões para acessar Chukotka não é fácil, lá é um enclave militar russo e uma região autônoma, ou seja, muita burocracia.

Você teve financiamento de patrocinadores ou os filmes da trilogia foram investimento pessoal?

Todas as minhas obras são um investimento pessoal, a minha saúde, minha mente, meu tempo… Mas a trilogia foi produzida enquanto eu estava como artista residente e consultor criativo na Fabrica e na revista Colors. Tivemos também uma parceria com oum canal de TV Suiço-Italiano, mas todos os três disponibilizaram um orçamento muito pequeno

 

Houve contato prévio com os entrevistados?

Nós conhecemos a maioria dos nossos personagens no período antes das filmagens. Alguns deles, como no filme Patagonia, exigiam mais tempo e uma espécie de casting foi feito antes de fotografar. Todos eles foram resultado de uma pesquisa das necessidades e requisitos do casting, mas há sempre o fator surpresa que você encontra quando está em um local como esse.

Quais foram as precauções tomadas com o frio e comida? Usou roupas especiais? Como foram os preparativos para a Sibéria?

Sibéria e Patagônia foram extremamente frias, a temperatura na Sibéria estava pegando em -38 graus e o vento era muito forte e congelante. Roupas são uma parte muito importante para manter-se vivo, assim como comer bem e estar em forma.

A comida na maioria desses lugares é escassa, especialmente em Aral, onde eu era alimentado somente de pão e marmelada russa durante um mês. Na Sibéria eu comia principalmente carne de baleia, pele, gordura e carne de foca e morsa. Não há legumes e conservas são muito caras. Na Patagônia nós sobrevivemos apenas com uma dieta constituída de ovelhas e carne de vaca.

Qual foi o local que você enfrentou a temperatura mais baixa e tinha dificuldade para seguir as filmagens?

A Sibéria exigiu um cronograma disciplinar muito rigido para fotografar. E fotografar é um procedimento muito preciso já que a câmera não funciona com menos de 35 graus de frio. Então eu tive que trabalhar em estrados, cobrindo e mantendo a câmera perto do meu corpo. Criei uma espécie de saco especial com a pele de morsa que o caçador de baleias forneceu-me para manter meu equipamento durante a viagem.

Quais as pessoas retratadas na trilogia END que te surpreenderam? 

Eu aprendi muito com todos eles. Do Peter, na Patagônia, eu aprendi o significado de isolamento e auto abandono, tipo uma aposentadoria ou auto-reclusão; do Jumagul, em Aral, aprendi que as coisas têm o seu curso e nós não devemos ter pressa, estamos vivendo em um círculo completo; e do Edward, caçador de baleia, entendi o que isso significa, seu mais profundo significado, sua dimensão espiritual e humana.

Você conseguiria ser feliz vivendo em lugares tão inóspitos?

‘Feliz’ é uma palavra que distorce e corrompe, na realidade o que você sente nesses lugares é que você está vivo. A palavra ‘feliz’ de alguma forma é corrompida pelas modernas idéias materialistas. Você está vivo, você é parte de tudo, este é o sentimento nesses lugares.

Qual foi o momento mais memorável durante o contato com os baleeiros?

Foi caçar com eles, ouvindo, ficando em silêncio, olhando para o horizonte, tentando entender suas relações com as baleias. A sensação de medo é forte na frente da baleia. Comer com eles logo após a caça, fazer parte de um sacrifício como uma luta comum, estar no mesmo nível. Sobreviver…

A primeira parte da Semana Especial Festival Multiplicidade 2011

Durante quatro dias intensos, estivemos espalhados por diversos locais do Rio de Janeiro com a primeira parte da nossa semana especial Festival Multiplicidade 2011, que ocupou o Oi Futuro Flamengo, o Instituto Cervantes de Botafogo, o Instituto dos Arquitetos do Brasil e a Praça Xavier de Brito, na Tijuca.

O Projeto Cavalo, criado pelos artistas plásticos Cadu, Paulo Vivacqua, Eduardo Berliner e Felipe Norkus, abriu nossa semana dentro do Oi Futuro Flamengo, casa do Multiplicidade. Com uma performance que envolvia muito de teatro e música, o coletivo que contava ainda com Rodrigo Miravales, Audrin Santiago, Rodrigo Bleque, Adriano Motta (O Divino) e Antônio João, apresentou uma obra visceral, falando da figura do cavalo desde seu nascimento até a morte e hipnotizando um teatro com lotação máxima.

No dia seguinte, estivemos no Instituto Cervantes de Botafogo para a abertura da exposição END, de Carlos Casas, que contou ainda com a exibição do filme “Siberia – Hunters Since the Beginning of Time” no auditório da casa. Bebeto Abrantes, documentarista e diretor da Cara De Cão Filmes e Carlos Alberto Mattos, crítico de cinema, realizaram um debate bastante animado sobre o processo do diretor na criação dos filmes e as dificuldades de filmar nesse ambiente hostil.

Sábado, pela primeira vez Carlos pôde executar sua vídeo-instalação END ao vivo, junto ao coletivo Chelpa Ferro, no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), com aproximadamente 220 pessoas presentes, em um dos mais belos momentos do festival Multiplicidade até hoje.

Encerrando a primeira metade da semana, os cavaleiros do Projeto Cavalo foram à Praça Xavier de Brito para a derradeira performance dentro da Semana Especial. Mesmo sob chuva, os moradores e os presentes puderam usufruir da charrete e presenciar a intervenção sonora dos artistas.

 

Abaixo, uma galeria com 34 fotos tiradas ao longo dos dias por Rodrigo Torres e Diana Sandres.

very very Blind Date

Ontem, o Rio, assim como 10 outros estados brasileiros, sofreu um avassalador apagão. Nesse exato momento de breu repentino, Naná Vasconcelos, DJ Dolores, Raul Mourão e Leo Domingues, acompanhados por uma sensacional banda ocupavam de uma maneira ou de outra o palco do Oi Casagrande.

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Mas desprovidos de tecnologia, sobrou o talento, que havia de sobra em todos os presentes no palco e também na platéia. Munido ora de prato, ora de berimbau, Naná foi trazendo o público de suas cadeiras para a frente do palco, iluminado apenas pelas luzes de segurança e lanternas da produção. Alguns abriram os guarda-chuvas, e todos cantavam e dançavam regidos pelo maestro Vasconcelos, que foi aos poucos sendo acompanhado por toda a banda.

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Num pacífico e animado cortejo, a percussão, os metais, os convidados, todos foram caminhando até a rua, onde uma roda musical se formou, despertando a atenção dos moradores dos prédios vizinhos.

Blind Date Multiplicidade 3

O clima era de total alegria e integração. Imagem e som inusitados como nunca antes visto, no mais real Blind Date possível. E nós queremos manter essa conectividade, portanto fizemos um vídeo de convocação. Se você tem fotos, vídeos e/ou opiniões sobre o histórico Blind Date de ontem, mande para info@multiplicidade.com ou através do nosso Twitter.

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Fotos de divulgação por Rodrigo Torres.